Cerca de 80 pessoas participaram de uma audiência pública, em Linhares, para alertar os moradores sobre riscos de permanecer em casas próximas à barragem do Rio Pequeno.
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O evento aconteceu na última quinta-feira (13), na sala do Tribunal do Júri da cidade, e contou com a participação de moradores e representantes das comunidades do entorno das lagoas de Linhares, da prefeitura, Ministérios Públicos Federal e do Estado, Defensoria Pública do Espírito Santo e Fundação Renova.
Segundo o Ministério Público Federal do Espírito Santo (MPF-ES), durante a audiência pública, os atingidos puderam esclarecer vários aspectos técnicos da situação das barragens provisórias construídas para proteger as lagoas de Linhares da contaminação dos rejeitos do rompimento da barragem da Samarco, ocorrido em Mariana, Minas Gerais.
De acordo com o MPF, a questão decorre de uma ação civil pública (ACP), em andamento na Justiça Estadual, proposta pelo Município de Linhares, para proteger as lagoas da cidade contra os rejeitos da Samarco, já que a captação de água para a população vem dessas lagoas. As barragens, no entanto, estão elevando o nível das lagoas e já alagaram as casas de cerca de 50 famílias.
Além das casas alagadas, há risco grave de essas barragens emergenciais romperem. Esse foi um dos pontos tratados durante a apresentação feita pelo representante da Aecom, Caio Prado, empresa que fechou acordo com o Ministério Público Estadual para fazer uma auditoria no processo. Foram apresentadas as próximas etapas de construção para garantia da segurança da estrutura da barragem e trazer vazão de água para diminuir o nível da lagoa e estabelecer o nível adequado no local.
O representante da Aecom mostrou, ainda, o quão importante é a retirada das famílias do local, principalmente porque, caso haja um rompimento da barragem durante as obras, pode gerar uma onda de 40km/h. Isso poderia causar um dano inestimável, segundo a empresa.
O procurador da República em Linhares, Paulo Henrique Trazzi, contou que objetivo da audiência, além de esclarecer as dúvidas da população, era justamente deixar claro, principalmente para as famílias que estão na região que foi alagada pelo aumento do nível da lagoa, dos riscos que elas correm de permanecer lá.
“Riscos primeiro por conta da água contaminada de esgoto, a que estão expostas diariamente, e também os riscos que elas correm com o eventual rompimento dessa barragem provisória, porque, sendo provisória, não há ainda a estrutura completa de garantia 100% de que não possa romper. Como a empresa explicou, existem obras que estão sendo feitas para garantir a segurança dessa barragem mas numa situação excepcional, ainda que não provável de rompimento, essas pessoas poderiam vir a falecer”.
O processo de garantia para essas famílias que estão na área alagada de uma alternativa de residência será custeado pela Fundação Renova, para que famílias possam viver em segurança e de maneira salubre. “A intenção era esclarecer ainda outras dúvidas que surgiram da população e estabelecer um diálogo transparente e horizontal acerca desse processo”, lembrou o procurador.