O mercado de trabalho na área da saúde segue como um dos motores da economia capixaba. Em setembro, o setor apresentou expansão consistente e consolidou o protagonismo dos segmentos de atendimento hospitalar e atenção ambulatorial na geração de postos formais. Juntos, eles abriram 369 novas vagas — 233 em hospitais e 136 em serviços ambulatoriais — resultado do saldo entre admissões e desligamentos.
Os dados integram um levantamento do Connect Fecomércio-ES, com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que mostra o avanço contínuo do setor. Segundo o estudo, o Espírito Santo alcançou 61.244 vínculos formais na saúde, crescimento de 3,5% em relação a setembro de 2024, quando o estado registrava 59.175 trabalhadores. O desempenho superou o avanço geral do setor de serviços, que cresceu 2,3% no mesmo período.
Para o coordenador do Observatório do Comércio do Connect Fecomércio-ES, André Spalenza, os números reforçam o peso estratégico da saúde na economia estadual.
“Mesmo em um mês de ajustes, com leve queda nas contratações em geral, a saúde demonstra força estrutural. Os segmentos hospitalar e ambulatorial seguem contratando e mantêm ritmo consistente de expansão, o que evidencia a vitalidade do setor no Espírito Santo”, avaliou.
Protagonismo dos jovens e renovação da força de trabalho
O perfil das contratações indica renovação expressiva no setor. Profissionais entre 18 e 24 anos concentraram o maior saldo de vagas no mês, com 145 admissões. Em relação ao nível de escolaridade, o ensino médio completo liderou as oportunidades, com 110 contratações. Ainda que o setor continue majoritariamente feminino, os homens registraram leve saldo positivo de 15 vagas.
Para Spalenza, esse movimento aponta para a entrada de novos talentos na área.
“Jovens têm encontrado na saúde uma porta de entrada qualificada e com boas perspectivas de crescimento”, destacou.
Municípios do interior ganham força
Três municípios apareceram como destaque na geração de empregos em setembro:
- Vitória: 86 vagas, impulsionadas pela rede de hospitais de alta complexidade;
- Linhares: 33 vagas, refletindo a expansão da rede hospitalar e de clínicas privadas;
- Colatina: 24 vagas, sustentadas pela atuação de instituições filantrópicas e unidades regionais.
Segundo Spalenza, a ampliação das contratações no interior confirma a tendência de descentralização dos serviços de saúde e o surgimento de novos polos regionais de emprego.
Transformação tecnológica redefine o setor
Além do dinamismo econômico, a transformação digital tem provocado mudanças significativas no mercado de trabalho em saúde. O médico e especialista em políticas públicas Pedro Batista Júnior, referência internacional em Inteligência Artificial aplicada ao setor, afirma que a tecnologia já é indispensável para a eficiência e a previsibilidade dos sistemas de saúde.
“A Inteligência Artificial bem desenvolvida e treinada para saneamento e governança de dados é hoje a grande aliada da previsibilidade em saúde. Ela amplia a capacidade de identificar pacientes com risco potencial, otimiza fluxos assistenciais e permite acompanhar desfechos clínicos de forma precisa”, explicou.
Segundo Batista Júnior, a digitalização impõe novos padrões de qualidade e novas demandas profissionais. “O futuro da saúde será preditivo, integrado e centrado no paciente. A tecnologia, quando aplicada de forma ética e estratégica, aproxima o cuidado humano de sua essência: prever para cuidar melhor e transformar informação em valor em saúde”, concluiu.











