Premiada HQ da Mulher-Maravilha é publicada no Brasil

29 de março de 2024

Última atualização: 27 de março de 2024

“Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas…”, assim tem início a belíssima canção de Chico Buarque, que retrata todo o sofrimento e resiliência das atenienses durante a Antiguidade. Com as devidas proporções, a música poderia ser o tema da premiada HQ Mulher-maravilha História – As Amazonas, publicação da DC Comics, trazida para o Brasil pela editora Panini.

Escrita em três partes por Kelly Sue DeConnick, As Amazonas chama a atenção pelo texto forte e que destaca todo o sofrimento passado pelas mulheres na antiguidade, e, porque não, hoje em dia. Repressão, exclusão, humilhação, obstrução, subjugação, agressão e morte ainda estão presentes no dia a dia de milhões de mulheres e mesmo com todos os avanços, ainda são padrões de comportamento difíceis de serem modificados.

Na HQ, as deusas Héstia, Ártemis, Deméter, Hécate, Afrodite e Atena, sob os olhos atentos da deusa-mãe Hera, se rebelam contra o poder masculinizado representado por Zeus após serem ignoradas ao pedirem que homens e mulheres tenham os mesmos direitos. O ato de rebeldia é representado na criação de tribos de mulheres devotadas a cada uma delas, individualmente, e que possuem uma pequena fração de suas habilidades especiais.

Em paralelo, os leitores são apresentados à Hipólita, uma mulher obstinada, que para expiar uma decisão ruim, vai até os confins do mundo para corrigir seu erro. Em sua jornada ela encontra com bandoleiros, que pretendem escraviza-la, mas uma das tribos de Amazonas a resgata e termina servindo de motivação para a personagem, que passa a segui-las. Hipólita se torna uma referência e auxilia outras mulheres a romper com o ciclo de violência masculina.

Claro que essa interferência não seria vista com bons olhos pelos deuses. Apolo e Zeus se encarregam de perseguir as tribos de Amazonas com dois objetivos: mostrar o devido lugar das mulheres na sociedade grega e punir as deusas que ousaram questionar uma decisão do Deus-pai. A resolução da HQ, que naturalmente não contaremos aqui, deixa um gosto agridoce, mas compatível com todo o ciclo histórico das mulheres.

Visual

A DC Comics caprichou no visual da HQ e escalou três de seus melhores desenhistas, todos com passagem pelo título da Mulher-maravilha: Phil Jimenez (de longe o que faz a arte mais bonita), Gene Ha e Nicola Scott. O empenho de cada um deles faz com que as cores e detalhes saltem aos olhos, reduzindo o tempo de leitura na busca por conta da admiração pelo belíssimo trabalho.

Não é por acaso que a publicação ganhou dois Eisner Awards (o Oscar dos Quadrinhos) de Melhor Edição Única e Melhor Artista em 2022.

A edição brasileira conta com a tradução de Dandara Palankof e Erick Garcia (história principal e extras); adaptação de Isabel Ferreira; letras de Daniel de Rosa; e edição de Marília Beatriz. Mulher-maravilha História – As Amazonas é uma HQ para fãs da heroína, mas, sobretudo, para quem gosta de histórias feitas para pensar e questionar aspectos de nossa vida real.

A publicação, com 232 páginas, colorida, com capa dura, pode ser encontrada nas melhores lojas virtuais ou direto pela Panini, no link: https://panini.com.br/mulher-maravilha-historia-as-amazonas. Boa leitura!