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Polícia revela plano de ataque que resultou em três mortes na Serra; advogado era “pombo-correio”

A Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Serra concluiu as investigações sobre um ataque que deixou três mortos e três pessoas feridas, além de duas tentativas de homicídio contra policiais militares. O crime aconteceu no dia 11 de julho deste ano, no bairro Novo Horizonte, na Serra, em frente a uma distribuidora de bebidas. No total, oito pessoas foram vítimas do grupo criminoso.

Nove suspeitos foram identificados e se tornaram réus, sendo que seis deles já foram presos. Entre os detidos está um advogado apontado como responsável por transmitir recados e cartas relacionados ao tráfico de drogas e a homicídios.

A participação do advogado foi identificada após análise do conteúdo extraído de um celular apreendido durante as diligências. Os detalhes do caso foram apresentados em entrevista coletiva nesta terça-feira (18).

Quem são os apontados como autores do ataque

Segundo a Polícia Civil (PCES), o crime foi ordenado por Lucas Henrique, conhecido como 2B, preso desde 2017 na Penitenciária de Segurança Máxima 2. Ele é associado ao Terceiro Comando Puro (TCP) e já condenado por tráfico e associação ao tráfico.

Mesmo detido, ele coordena o tráfico no Morro da Garrafa e teria autorizado o ataque que deixou três mortos, três vítimas feridas e incluiu ainda a dupla tentativa de homicídio contra policiais militares.

Polícia revela plano de ataque que resultou em três mortes na Serra; advogado era "pombo-correio"
Foto: Divulgação PCES

Advogado era “pombo-correio”

O advogado Clayton Ronai Dias foi apontado como intermediário, uma espécie de “pombo-correio” entre Lucas 2B e Rafael Martins, o Barata, que estava ‘em campo’ gerenciando o tráfico para Lucas. De acordo com as investigações, o advogado repassava ordens, mensagens e diversas cartas entre os dois.

Logística do ataque

Rafael Martins, o Barata, foi identificado como responsável pela logística do ataque, cumprindo ordens do mandante. Ele teria contado com auxílio de outro suspeito, Igor, apontado como a pessoa que indicou o local onde o crime seria realizado e que forneceu as armas utilizadas.

Os seis executores

Segundo a polícia, seis envolvidos saíram do Morro da Garrafa, seguiram até Novo Horizonte e participaram diretamente do ataque, todos dentro de um mesmo veículo:

  • Gabriel, vulgo Paquetá, traficante do Morro da Garrafa, dirigia o carro no dia do crime — ele está foragido.
  • No carona estava Raoni, que foi preso logo após o ataque.
  • No banco de trás estava José Augusto, que também foi preso.

Também estavam no carro:

  • Igor, vulgo Gaspar (foragido),
  • Samuel, vulgo Secão (foragido),
  • Carlos Eduardo, vulgo 2K, preso no dia 21 de outubro em Pernambuco. Segundo a polícia, ele indicou quais vítimas seriam alvo do ataque.

Dois carros foram usados no crime. Em um estavam os seis executores. No outro seguia Rafael, o Barata, levando as seis armas utilizadas. O grupo ficou em uma casa no bairro, distribuiu o armamento e seguiu para o local onde as vítimas estavam.

Polícia revela plano de ataque que resultou em três mortes na Serra; advogado era "pombo-correio"
Suspeitos envolvidos no ataque

Disputa entre facções motivou o crime

A motivação, segundo a investigação, foi uma disputa pelo controle do tráfico em Novo Horizonte. Para a polícia, o ataque foi uma reação do grupo do Morro da Garrafa, que queria demonstrar “poder da facção” contra um traficante desafeto de Novo Horizonte.

Imagens mostram execução das vítimas

Vídeos de câmeras de segurança registraram o momento exato do ataque na frente da distribuidora de bebidas. Cinco suspeitos descem do carro e disparam mais de 50 tiros.

As vítimas fatais foram: Marcos Vinícius, de blusa vermelha, atingido por 9 tiros; Marcelo, de boné branco, que tentou correr, mas foi atingido por 14 disparos; Thiago, que estava sob uma marquise esperando um pastel e não tinha envolvimento com o tráfico, foi atingido na cabeça e morreu.

Polícia revela plano de ataque que resultou em três mortes na Serra; advogado era "pombo-correio"
Thiago, Marcos Vinícius e Marcelo – morreram no ataque

Outras três pessoas ficaram feridas: um homem de moletom azul e preto, que era alvo dos criminosos, foi atingido no pescoço e sobreviveu. Um motoboy que estava na esquina foi baleado e também sobreviveu e a esposa de Thiago, que esperava um pastel ao lado dele, foi atingida no braço.

Tiros contra PMs e prisões

Durante a fuga, logo após o crime, policiais militares que estavam próximos ouviram os disparos e se aproximaram. Os suspeitos, então, atiraram contra os PMs. Dois foram presos no local e quatro conseguiram fugir.

Advogado teria repassado diversas mensagens entre traficantes

A investigação identificou os suspeitos e chegou ao advogado após a prisão de Rafael, o Barata, no Morro da Garrafa. A polícia afirma que diversas mensagens extensas enviadas por Rafael a Lucas, com informações sobre logística do tráfico, armas e ordens para execução de um traficante desafeto, foram repassada por meio do advogado.

Polícia revela plano de ataque que resultou em três mortes na Serra; advogado era "pombo-correio"
Carta enviada por Rafael Martins, para o advogado Cleiton tendo como destinatário Lucas Henrique, preso na Máxima 2

Visitas ao presídio e material apreendido

Ainda segundo as investigações, o advogado Clayton Ronai visitou Lucas 35 vezes entre fevereiro e setembro de 2025, número considerado muito acima da média. Chamou atenção também o tempo das visitas, que frequentemente passavam de 5 horas. A polícia identificou que o advogado não atuava em nenhum processo de Lucas, o que reforçou a suspeita de que ele estaria envolvido em ações ilícitas.

Ele foi preso dentro do escritório de advocacia. No local, foram apreendidos celulares e R$ 14 mil em espécie, quantia cuja origem ele não soube explicar. Na casa dele, foram apreendidos uma arma, munição e diversas cartas enviadas por presidiários a criminosos em liberdade.

Polícia revela plano de ataque que resultou em três mortes na Serra; advogado era "pombo-correio"
Material apreendido na casa do advogado investigado no caso

Segundo a polícia, o advogado auxiliava traficantes tanto da Grande Vitória quanto de outras regiões do estado. Após o recolhimento de provas, ele foi indiciado por organização criminosa.

Os outros oito envolvidos foram indiciados por:

Triplo homicídio qualificado, por motivo torpe, impossibilidade de defesa das vítimas e uso de arma de fogo de uso restrito; Tripla tentativa de homicídio, com as mesmas qualificadoras; Dupla tentativa de homicídio contra policiais militares; Organização criminosa e receptação, já que um dos veículos usados no dia do crime era clonado.

A polícia afirma que as prisões foram fundamentais para impedir novos ataques, que já haviam sido articulados pelo grupo. As investigações continuam para identificar outros possíveis envolvidos, tanto neste crime quanto em ações relacionadas.

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