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Restauração de patrimônios busca preservar história capixaba

No Dia Nacional do Patrimônio Histórico, comemorado em 17 de agosto, três edificações capixabas – em Vitória, Vila Velha e Guarapari – demonstram que a preservação da história do Espírito Santo exige políticas públicas de manutenção e valorização desses bens.

Para o presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU/ES), Heliomar Venâncio, a data destinada ao patrimônio deve ser comemorada. “A celebração e a importância desse dia estão na promoção e administração do processo de preservação dos bens culturais do país, no fortalecimento da identidade nacional, na garantia do direito à memória e na contribuição para o desenvolvimento socioeconômico do país”, declara.

Para a data, o CAU/ES realizou um debate virtual sobre o tema no país e no estado. “No Espírito Santo, a ocupação artística nas ruínas do hospital da Ilha da Pólvora traz uma reflexão sobre a cidade, a paisagem, a memória e a natureza. É necessário preservar para termos memória histórica”, afirma Venâncio ao se referir a uma exposição artística coletiva, encerrada no último dia 07.

Saldanha da Gama

Restauração de patrimônios busca preservar história capixaba
Foto: PMV

No final de 2019, o Governo do Estado anunciou que a antiga sede do Clube de Regatas Saldanha da Gama, no Forte São João, em Vitória, sediaria a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes). Para tanto, em janeiro deste ano, foi iniciada uma reforma em toda a estrutura da edificação.

Com valor aproximado de R$1,2 milhão, o edifício está passando por obras de manutenção. De acordo com o Departamento de Edificações e de Rodovias do Estado (DER-ES), nesta primeira etapa, estão sendo realizados consertos dos telhados, retirada de infiltrações, recuperação de rebocos, trocas de esquadrias, portas, janelas, peças sanitárias, pisos, pintura, entre outros.

A Secretaria de Estado de Turismo (Setur) informou que, em breve, será assinado contrato para obras da fachada, pátio, muros e esquadrias. A previsão é que o projeto seja concluído no primeiro semestre do ano que vem.

O Forte São João foi construído, ainda no início do século XVIII, para ser uma fortaleza e proteger a ilha de Vitória de invasões estrangeiras. Em 1931, foi oficialmente comprado pelo Clube de Regatas Saldanha da Gama e passou a ser espaço aberto à prática de esportes, festas e solenidades. Hoje, o Saldanha da Gama é a única construção com características de fortificação existente na Capital.

História e natureza

No município de Vila Velha, um patrimônio histórico se une à natureza. É a Área de Proteção Ambiental (APA) Lagoa Grande, em Ponta da Fruta.

Com 2.719 hectares, ela é caracterizada por ecossistemas de restinga, áreas frágeis alagadas, córregos e a bacia da Lagoa Grande. Na localidade, a Igreja Nossa Senhora dos Navegantes, construída em 1945, resguarda a história da colonização do município e do solo espírito-santense. A construção religiosa está localizada no alto de um morro, do qual é possível observar a extensão da praia de Ponta da Fruta.

A Secretaria de Planejamento e Projetos  Estruturantes prevê a elaboração de projetos executivos na região, bem como intervenções no morro em que se situa a igreja. As obras incluem a construção de um pórtico, isto é, um portal coberto na entrada e na saída da edificação, em estrutura de concreto armado. Além disso, a cidade planeja a urbanização no entorno da lagoa, bem como a implantação de um deck de madeira e de um centro de apoio aos visitantes.

Este é um processo de requalificação do entorno da igreja com melhoria nos acessos, afirma a prefeitura. Prevista para ser entregue no próximo mês, a proposta arquitetônica ainda está em fase de elaboração dos projetos executivos.

Reconhecimento

O Centro da cidade de Guarapari também abriga um patrimônio de grande importância histórica. O olho d’água batizado de Poço dos Jesuítas, no entanto, ainda aguarda, desde 2013, para ser tombado oficialmente como patrimônio histórico capixaba.

Restauração de patrimônios busca preservar história capixaba
Primeira Lua Cheia da Primavera 2018

Localizado na Praia da Fonte, no entorno do Morro do Atalaia, em uma Zona de Proteção Ambiental, a fonte é datada do século XVI, sendo o único poço que restou das construções jesuíticas. Pedras sobrepostas unidas em argamassa de barro, areia e conchas compõem a construção, cuja nascente de água potável tem 40cm de profundidade. A água que escorre das pedras já foi amplamente utilizada para cozinhar e também pelas lavadeiras da região.

Em novembro de 2013, um pedido de tombamento feito pelo Conselho Estadual de Cultura (CEC) obteve parecer favorável, aprovado por unanimidade pelos conselheiros presentes em reunião plenária. Dessa forma, o bem ficou tombado provisoriamente.

A Secretaria de Turismo, Empreendedorismo e Cultura (Setec) classifica o poço como um Patrimônio Afetivo, em processo de tombamento. De acordo com a prefeitura, o processo atualmente se encontra em etapa de georreferenciamento das informações para a delimitação da área de proteção do bem, que está sendo realizada pela Gerência de Memória e Patrimônio (GMP) da Secretaria de Estado da Cultura (Secult). A Companhia de Melhoramentos e Desenvolvimento Urbano (Codeg) informou que realiza ações constantes de limpeza, pintura e capina na região.

Para a arquiteta e coordenadora do Núcleo de Patrimônio Cultural da CAU/ES, Luciene Pessotti, as dificuldades na preservação dos bens também é uma questão de políticas públicas. “O Brasil possui um acervo riquíssimo de bens culturais materiais e imateriais e muitos deles não foram inventariados ainda, ou seja, muitos ainda não possuem seu valor reconhecido e isso inviabiliza receber recursos para sua preservação”, declara.

Especialista em restauração e conservação de monumentos e sítios históricos, Pessotti destaca que a educação é peça-chave para conscientizar gerações presentes e futuras. “Um dos principais problemas e o maior desafio é a educação patrimonial. A educação desde a infância e a conscientização da sociedade sobre a importância dos bens culturais é um dos principais pilares para se impedir a degradação e a destruição do nosso acervo”, defende a arquiteta.

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