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Mais de um terço das empresas brasileiras que abrem capital escolhem NY

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Mais de um terço (38,5%) das empresas brasileiras que realizaram abertura de capital entre 2018 e 2019 optaram pela Bolsa de Valores de Nova York.
Segundo especialistas, os maiores volumes de captação em ofertas de ações no exterior e as burocracias excessivas da Bolsa Brasileira foram os motivos que mais pesaram (e que continuarão a pesar) na decisão das companhias por abrir capital no exterior.
Entre 2018 e 2019, 13 empresas brasileiras fizeram IPO (da sigla em inglês para oferta pública inicial de ações). Destas, cinco optaram pela Bolsa nova-iorquina: além da XP -que, segundo o calendário oficial da Nasdaq, começa a ser negociada nesta quarta-feira (11)-, Afya Educacional, Stone, PagSeguro e Arco Educação estão na conta de companhias listadas na Nasdaq.
De acordo com o analista da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman, o maior apetite a risco dos investidores e os dispositivos mais avançados de governança corporativa da Bolsa americana, por exemplo, acabam compensando o alto custo da abertura de capital no exterior -dados pela rigorosidade dos requisitos exigidos pela SEC (órgão regulador de valores mobiliários dos Estados Unidos, o equivalente à CVM no Brasil).
“O Brasil já avançou bastante em termos de governança corporativa, mas ainda existe muito a ser feito. Além disso, o investidor americano também consegue entender melhor a maturidade das companhias em seus ciclos de negócios, o que dá uma predisposição ao risco mais variada e abre espaço para uma captação mais significativa”, disse.
Entre os segmentos de listagem na B3, o Novo Mercado é aquele com o padrão mais elevado de governança corporativa, onde as empresas adotam, voluntariamente, práticas adicionais às exigidas pela legislação brasileira. No segmento, só é permitida a emissão de papéis com direito de voto (ações ordinárias).
Segundo Arbetman, diferentemente das regras brasileiras, a listagem na Bolsa americana também permite a emissão de ações preferenciais (sem direito à voto), o que seria outro impulsionador para que empresas como a XP -onde os acionistas vendedores não abrem mão do controle da companhia- escolhessem os Estados Unidos como destino.
A XP Inc, que começa a ser negociada na Nasdaq nesta quarta-feira (11), precificada em US$ 27, continuará detendo ações classe B (que possuem um poder de voto dez vezes maior) e terá o equivalente a 56,2% do poder de voto.
Para o CEO da Afya Educacional, Virgílio Gibbon, além da melhor avaliação que os investidores internacionais têm sobre a cadeia de valor da companhia, outro fator que motivou a companhia a optar pela Nasdaq foi a interação com outras marcas estrangeiras.
“São marcas com as quais podemos interagir e conhecer o que há de mais moderno, combinando educação médica mediada por tecnologia e metodologia ativas”, disse.
Ainda segundo especialistas, ao passo em que o mercado financeiro americano recebe cada vez mais companhias brasileiras interessadas na abertura de capital, a economia do Brasil e a própria B3 começam a se voltar para o incentivo do mercado de capitais nacionais.
De acordo com o economista da Órama Alexandre Espírito Santo a Bolsa brasileira acaba sendo um “termômetro” sobre o que os agentes econômicos estão esperando para o país no curto prazo. Para ele, levando em consideração o maior volume de operações, as expectativas são positivas para o próximo ano.
Os últimos dados da B3 registram 32 ofertas, entre IPOs e follow nos (ofertas subsequentes) neste ano: eram apenas cinco em 2018.
“A Bolsa passou muito tempo amargando a situação macroeconômica do país e agora começa a recuperar. Existem alguns ajustes que precisam ser feitos, mas a Bolsa brasileira não deixa nada a desejar em relação aos demais [países] emergentes”, diz Espírito Santo.
Em nota, a B3 afirmou que os números observados até novembro, de R$ 80 bilhões captados por meio de ofertas públicas, representam o melhor desempenho da Bolsa brasileira desde 2010.
“Ainda assim, a B3 permanece dedicada a uma agenda de medidas que entende serem necessárias para o desenvolvimento e atratividade do mercado de capitais”, disse por meio de nota. “Também estamos empenhados em auxiliar na discussão de outras mudanças regulatórias que podem ser entrave para algumas empresas e em reduzir o custo de observância [regulatórios] para vir à mercado”, acrescentou.

Autor: ISABELA BOLZANI

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