O secretário de Saúde, Nésio Fernandes, e o subsecretário de Vigilância, Luiz Carlos Reblin, concederam entrevista coletiva nesta sexta-feira (29) para falar obre os avanços do enfrentamento da pandemia do coronavírus no Espírito Santo no mês de maio.
Em um único final de semana o número de mortes pelo novo coronavírus podem chegar a 600. Essa é a afirmação do secretário no início da tarde desta sexta-feira (29). “Com os dados que nós temos a partir dos óbitos e número de casos novos, podemos sugerir que a expansão de casos novos teve um crescimento exponencial no nosso estado; No dia 1º de maio eram 124 óbitos e iremos chegar até domingo [31 de maio de 2020] a um número perto de 600 óbitos”, disse o secretário.
A estimativa, com base no número de mortes registrados no dia 1º de maio (124 óbitos) no Painel Covid-19 e o número que o mês pode fechar (600 óbitos), representaria um aumento de 383,87%.
Óbitos
A previsão é que o mês de maio termine domingo (31) com 600 mortes registradas no Espírito Santo. “A batalha só será vencida se toda a comunidade capixaba se mobilizar”, afirmou Nésio Fernandes. “A pandemia é real e está instalada em todos os municípios capixabas. Não se iluda”, acrescentou.
A questão mais dramática tem sido as mortes, destacou o subsecretário Reblin. “Sem querem fazer cena dramática, imagina um velório de 600 pessoas, 600 caixões enfileirados em um campo de futebol. Atrás de cada morte tem uma história, tem a história de uma família”.
Atualmente o Espírito Santo tem, no Laboratório Central (Lacen) 41 óbitos em investigação.
Matriz de risco
A nova matriz poderá contar com cidades com risco extremo, onde poderá ser adotado o lockdown. “Com ele determinando um silêncio urbano nas cidades, para que as pessoas se recolham em suas casas por 14 dias. Nos últimos dias amadurecemos o risco que levará a essa medida de restrição”.
O lockdown, segundo o secretário pode acontecer em qualquer lugar do país, sem organização e planejamento. Mas quando houver necessidade de medidas enérgicas, elas serão adotadas. “Mas não é o que queremos”.
Respiradores
Na próxima semana mais 100 novos ventiladores chegarão da Itália ao Espírito Santo. “Temos capacidade, mas é preciso que a gente reduza o número de doentes e de mortes”, afirmou Reblin.
Passeios
Pessoas estão se dirigindo às montanhas, com suas famílias para se hospedar. Atitude condenada por Luiz Carlos Reblin, que diz que o momento é de ficar em casa, porque as cidades todas estão buscando se isolar e não de passeios. “Há um risco grande de milhões adoecem, não é razoável que as pessoas façam passeios, porque o momento não é disso”.
Lacen (testes represados)
“Tivemos uma situação no Brasil com a falta de insumo para testes – reagentes específicos para a extração do RNA viral das amostras -, e os exames permaneceram mais tempo do que prevíamos no Lacen. Mas o material foi encaminhado para o Paraná e estamos aguardando a liberação desses resultados, mas acreditamos que até no início da semana que vem teremos as respostas. Depois da regularização desse insumos, nos testes emergenciais o prazo está entre 24 e 26 horas”, afirmou o subsecretário.
Hospitais de campanha
Mesmo com um planejamento, a construção do hospital de campanha, que é apontada como última opção do Governo do Espírito Santo na política de enfrentamento da pandemia do novo coronavírus, não supre a necessidade do estado, que é a dos leitos de UTI. Segundo o secretário de estado da Saúde, “o hospital de campanha é uma solução para um problema que não temos”.
“Hoje a realidade capixaba para enfrentamento é ela tem estratégia adequada que primeiro vamos expandir a rede própria e complementar com a compra de leitos na rede privada e isso representa que os hospitais de campanha são unidades hospitalares frágeis e representam unidades assistenciais temporárias com perfil de média e baixa complexidade [enfermaria]. Leitos de enfermaria, que hoje temos 58% de ocupação, não são um dilema, pois o maior dilema são leitos de UTi e hospitais de campanha não sustentam eles”, explicou.
Cloroquina
Em relação ao uso da cloroquina ou hidroxicloroquina no Espirito Santo, Fernandes informou que o medicamento não pode ser considerado um placebo e que a conduta no estado foi atualizada, após as recomendações para o uso do Governo Federal. “A cloroquina não pode ser considerada placebo. A população que possui cardiopatia são grande parte dos pacientes que evoluem a complicações e óbitos quando são infectadas pelo Covid-19 e essa população é que tem mais em risco com efeitos adversos derivados do uso da cloroquina e o uso do acompanhamento é contida a qualquer tipo de reação”, disse o secretário de saúde.