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Número de focos de queimadas cresce 363% em junho no ES

O número de focos de queimadas no Espírito Santo saltou em apenas um mês. Em maio, o satélite de referência do Programa de Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), registrou 11 focos. No mês seguinte, em junho, o registro cresceu 363%, com 40 focos a mais do que no mês anterior (51 focos de queimadas). 

Para o professor do Departamento de Ciências Florestais e da Madeira da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Nilton César Fiedler, mais de 90% dos casos são pessoas que colocam fogo nas plantações, sendo o ser humano o maior responsável, seja intencional, ou não.

“No período da seca as queimadas acabam se transformando em incêndios florestais. Normalmente, as queimadas são feitas para “limpar” a área onde são feitas novas plantações para a agricultura, e até mesmo para eliminar pragas”, explicou, ponderando que isso deve ser feito nos períodos certos e com a autorização dos órgãos ambientais.

Número de focos de queimadas cresce 363% em junho no ES
Fonte: Satélite de Referência do Programa Queimadas — Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe)

Além disso, o primeiro semestre de 2020, a partir de um levantamento feito por ESHOJE, com base nos focos registrados nos primeiros semestres desde o início da série histórica em 1998, foi o sétimo com o maior número de queimadas, com 97 focos (veja no final da reportagem)

Essa posição no ranking, para Fiedler, representa perda de área vegetal, de nutrientes no solo, causa problemas pulmonares, perda de casas, pastos, entre outras consequências.

“Quando você coloca fogo, nunca sabe como vai parar. Além de todos esses riscos, as queimadas ainda tiram o foco do Corpo de Bombeiros, que gastam muito tempo para controlar essas queimadas, enquanto poderiam estar atendendo outras ocorrências”, disse.

Os maiores índices de incêndios no Estado foram registrados, na maioria das vezes, nos municípios de Sooretama, Governador Lindenberg, São Mateus, Conceição da Barra, Aracruz e Linhares, todos na região Norte. Também em Vila Valério, na Noroeste. 

Nessas regiões, conforme a última atualização do Monitor de Secas, apresentada pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) e pela Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh), houve uma crescente das áreas de seca fraca no mês de junho em comparação com o mês anterior. 

“Existe a questão de ser uma região mais seca e mais quente. Há também uma questão cultural, onde as pessoas tem esse costume de queimar lixo, folhas, etc. Além de ser uma região agrícola, onde as queimadas para fazer a limpeza da área são comuns”, contou, destacando que muitas vezes, o fogo perde o controle e se torna em incêndio florestal.

Vale lembrar que as queimadas em todo o país estão proibidas por 120 dias, desde 16 de julho deste ano, a partir de um decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e publicado em edição do Diário Oficial da União. A finalidade é reduzir os incêndios em florestas no período de seca.

Registros do Corpo de Bombeiros

Em comparação com os incêndios em vegetação, registrados pelo Corpo de Bombeiros Militar do Espírito Santo (CBMES), os números do Inpe são bem menores. Tudo isso, no entanto, tem explicação.

De acordo com o Tenente Coronel Roger Amaral, do Corpo de Bombeiros, o Programa de Queimadas do Inpe registra focos de incêndios de grandes proporções. 

“Esses dados são menores do que o número de ocorrências do Corpo de Bombeiros porque têm alguns focos de incêndio que os dados do Inpe não registram e a gente é chamado para todos, até os menores, principalmente em beira de pista, vegetação… Eles pegam incêndios de proporção um pouco maior”.

Segundo o professor do Departamento de Ciências Florestais e da Madeira da Ufes, os satélites são detectores de foco de calor acima de 47°, mas nem sempre são capazes de detectar incêndios florestais.

Ao todo, no primeiro semestre deste ano, a partir dos dados do Corpo de Bombeiros, foram registrados 636 incêndios em vegetação. No mesmo período de 2019, foram registrados quase dois mil (1.928), sendo uma queda de 67%. 

“A principal causa dos incêndios terem caído dessa forma foi a questão das chuvas no primeiro semestre, e principalmente no primeiro trimestre deste ano. Em 2019 foi escassa a chuva no primeiro trimestre. Teve mais chuva neste ano do que no ano passado”, esclareceu Amaral, destacando também o trabalho de prevenção feito pelos órgãos ambientais, e pelo próprio Corpo de Bombeiros, com a população e agricultores.

Esse trabalho, de acordo com o Fiedler, é importante, pois é preciso diminuir esses índices com campanhas educativas. “É preciso levar conscientização nas comunidades. Às vezes a queimada é uma questão cultural que precisa ser dialogada”.

Cenário nacional

A Amazônia, maior floresta tropical do mundo, registrou recorde de queimadas em junho. Além disso, houve aumento em julho e um crescimento acumulado de 25% no semestre. Perto dali, o Pantanal teve em julho o maior número de focos de incêndios desde 1998, início do registro da série histórica pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.

Esse cenário, de acordo com o professor do Departamento de Ciências Florestais e da Madeira da Ufes, pode refletir na alteração climática do Espírito Santo, aumentando o período de secas.

“A Amazônia é o pulmão do mundo, influencia no clima do mundo inteiro. Por isso as queimadas na região são uma preocupação tão grande no mundo todo”, destacou.

Número de focos de queimadas cresce 363% em junho no ES
Fonte: Satélite de Referência do Programa Queimadas — Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe)
Matheus Passos
Matheus Passos
Graduado em Jornalismo pelo Centro Universitário Faesa, atua como repórter multimídia no ESHoje desde abril de 2021. Atualmente também apresenta e produz o podcast ESOuVe. Ingressou como estagiário em junho de 2019. Antes atuou na Unidade de Comunicação Integrada da Federação das Indústrias do Estado (Findes).

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