Rapper lança obra para reflexão sobre maioridade penal

O rapper paulista Marcelo Biorki, líder dos grupos Shekinah Rap e Digital Bomb, desembarca em Vitória nesta sexta-feira (14) para dois compromissos oficiais. Ainda na sexta, Biorki vai apresentar o seu recém-lançado livro intitulado “Liberdade dos meus Versos”, na Primeira Igreja Batista em Bento Ferreira, localizada na Rua Chaffic Murad, nº 1000, em Bento Ferreira, próximo à Rede Gazeta, a partir das 20 horas.

Já no sábado (15), ele será a atração principal do Rei das Ruas, evento de hip-hop que vai acontecer no Centro de Referência da Juventude (CRJ), a partir das 14 horas e que vai contar com diversos artistas capixabas entre rappers, grafiteiros, DJs e dançarinos de break. O CRJ fica na Avenida Vitória, 1320, no bairro Ilha de Santa Maria, próximo à Fábrica de Ideias.

“A reconstituição do crime tem que ser feita anos antes”. Esta frase é do rapper GOG e também é a epígrafe do livro “Liberdade dos Meus Versos”. A obra é resultado de cinco anos de trabalhos com adolescentes da Fundação Casa (antiga Febem) e não tinha pretensão alguma de se tornar um livro. Muito menos uma obra importante para a discussão sobre a redução da maioridade penal.

Porém, o lançamento do livro e a votação do Projeto de Lei (PL) na Câmara dos Deputados, acabou coincidindo, a ponto de alguns já a considerarem uma obra imprescindível para a discussão sobre os inúmeros PL que tratam sobre a redução.

“O livro casou igual uma luva com a questão da discussão. O tema do livro não é a redução da maioridade penal e não tem nenhum capítulo no livro que eu fale especificamente sobre isso. Mas ele passou a ser importante na discussão toda porque traz a situação do adolescente à tona”, disse Biorki.

O autor deixou claro que a ideia do livro não é convencer ninguém a ser contra ou a favor da maioridade penal, mas sim dar conhecimento de causa para que a pessoa possa fazer a sua própria leitura da situação.

“A situação não pode ser reconstituída a partir do momento que ele puxou o gatilho. É preciso olhar a história de vida do adolescente, o caminho que ele trilhou, o que levou ele a este caminho. Teve adolescente que conversei e que quando contou a história dele pensei que não havia possibilidade nenhuma de ele estar em outro lugar senão ali, que tudo foi traçado para ele estar preso ou morto. Mas a ideia é dar um conhecimento de causa que o jornal das seis não mostra”, explicou o rapper.

Durante cinco anos, Biorki trabalhou como arte educador, levando a poesia do rap para 22 unidades da Fundação Casa em 16 municípios do estado de São Paulo. Neste contexto, Marcelo Biorki falou, deu conselhos, se emocionou, ensinou, aprendeu e versou com três mil adolescentes desprovidos de liberdade. Até hoje, adolescentes egressos com os quais trabalhou nas unidades, o procuram e dão testemunhos das experiências e transformações que tiveram a partir da vivência com a arte. Tudo só aconteceu por causa do rap.

“O rap tem essa facilidade, cria uma abertura com os garotos, pois eles se sentem representados pelo rap, eles curtem o som. E quando veem que estão produzindo, sentem-se protagonistas da sua própria história. É preciso que ele se engaje em algo para que o crime não o pegue mais”, contou o rapper.