Presidente do Sinases é demitido do Iases por dar entrevistas à imprensa

Foi publicado no Diário Oficial desta quinta-feira (27) a instrução de serviço que demite o presidente do Sindicato dos Servidores do Sistema Socioeducativo do Espírito Santo (Sinases), Bruno Menelli Dalpiero. A ordem, assinada pela diretora presidente do Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo (Iases), Ana Maria Petronetto Serpa, justifica alegação de “continuadas inobservâncias dos deveres funcionais”.

De acordo com advogado de Bruno Menelli, Rafael Burini Zanol, a razão do desligamento do seu cliente é porque ele dá muitas entrevistas. “Eu não posso precisar o que realmente motivou a demissão do Bruno, porque ainda não tive acesso ao processo, mas acredito que o Iases entendeu que as informações dadas por ele à imprensa ferem o sigilo administrativo do órgão. Isso, na minha opinião, é um caso claro de censura.”

Zanol ainda disse quais serão as medidas tomadas. “A defesa tem o prazo de 30 dias para a realizar a defesa, e o Bruno só deixa o Iases quando esgotarem todos os recursos. Após o fim do período de apresentação dos recursos, se não tivermos êxito, iremos ao sistema judiciário”.

“O Iases não pode censurar o direito dos servidores de falarem apenas o que presenciam diariamente. Temos que lembrar que o Bruno Menelli é representante da categoria. Então, quando ele faz algum tipo de declaração, é em defesa dos representados pelo Sinases. Esse tipo de retaliação acontecia, creio eu, na ditadura, não podemos aceitar esta situação em pleno século 21. As mazelas do sistema socioeducativo do estado são denunciadas por várias pessoas e órgãos, inclusive pelo Ministério Público, mas o Iases insiste em penalizar apenas um servidor, o que configura uma flagrante perseguição política”, completou o advogado.

A categoria dos servidores da Autarquia ficou indignada quando tomou conhecimento da demissão – e possível exoneração – de Bruno Menelli. Mensagens de apoio ao servidor foram postadas no perfil do Sinases no Facebook, e o próprio Bruno utilizou a rede social para mostrar o seu descontentamento com a decisão tomada pela diretoria do Iases. Além disso, uma nota de repúdio foi publicada no site do sindicato. No texto, o Sinases promete fazer uma denúncia de perseguição e prática antisindical na Organização Internacional do Trabalho (OIT), e já comunicou o ocorrido a todos os sindicatos de servidores socioeducativos do país, à Comissão de Segurança da Assembleia Legislativa, à Força Sindical e à parlamentares ligados às áreas de segurança e social.

A nota ressalta que desde que Bruno Menelli assumiu o cargo da presidência, já acumula sete processos administrativos apenas por falar com a imprensa local e nacional. O sindicato ainda lembra de uma situação em que o Iases convocou jornalistas para depor contra o presidente do Sinases. Na ocasião, a Corregedoria queria que a repórter e o fotógrafo revelassem as fontes que deram entrevista na reportagem sem se identificar, infringindo a Constituição Nacional que garante ao jornalista o direito de sigilo de fonte. O Sindicato dos Jornalistas impediu que a repórter fosse prestar depoimento.

Em nota enviada, o Iases confirma a demissão do agente socioeducativo Bruno Menelli Dalpiero, ocupante de cargo efetivo. O Instituto declarou que o servidor recebeu tal penalidade devido a continuados descumprimentos de deveres funcionais, além de práticas infracionais contidas no artigo 234 da Lei complementar 46/94 do servidor público do Espírito Santo.