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Estátua de Iemanjá em Vitória completa 30 anos e ganha homenagens

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Edézio Santos deixou flores em homenagem a orixá. Foto: Thais Rossi

Hoje é dia 2 de fevereiro, e para as pessoas das religiões de matriz africana (Candomblé e Umbanda), é o dia da orixá Iemanjá, considerada mãe das águas e protetora dos pescadores.

E por tradição, muitos deixam flores e presentes em frente à estátua, localizada num píer da praia de Camburi, em Vitória. O dia se torna ainda mais especial porque há exatos 30 anos o monumento era inaugurado na capital.

O criador da Iemanjá é o artista grego Ioannis Zavoudakis. Em entrevista ao ESHOJE, ele contou que a estátua foi fundida em concreto e concluída em dois meses, após um pedido das entidades do candomblé. Era 1988, e a cidade estava sob a gestão do prefeito Hermes Laranja.

“Inaugurou no dia 30 de dezembro de 1988 com o Hermes, pelo mandato dele de prefeito. Mas como a data é pública, oficialmente é 2 de fevereiro. Chegaram a roubar a placa de inauguração. Jogaram na maré. Mergulhei, achei e coloquei de novo. Já fazem 30 anos? Parece que foi ontem. O tempo voa!”, comentou.

Ioannis conta que estudou a respeito de Iemanjá. Naquela época, encontrou fotos históricas de uma imagem que veio para cá por um pintor português católico, com as cores de Nossa Senhora dos Navegantes, o que foi contestado por ele. “Disseram que em todos os templos a cor é essa. Eu disse que viajei para vários lugares, que ela tem o rosto coberto, como a maioria das entidades, e é mais escura. Mas na época havia um presidente de associação com pai político e prevaleceram as cores do português, com ela branca”.

Com o passar dos anos e, após algumas brigas, o artista diz que conseguiu convencer os responsáveis a pintar Iemanjá na cor negra. “Outro prefeito pintou de amarela. Há uns dois meses foi pintada de negra. O pintor que fez a primeira coloração na época era português e queria atender pedidos de clientes. O preconceito era maior ainda”.

Para o artista, o lugar escolhido foi uma providência divina. A estátua fica ao fim de um píer, de frente para o mar, o que para ele se relaciona totalmente com a orixá Iemanjá, considera a mãe das águas. O local se tornou um canal aberto de mar na capital.

“Nós somos passageiros. O escrito fica nos monumentos. O falado voa. A Grécia antiga é lembrada através dos templos, com os deuses. Tem as pirâmides, mas elas tem a ver com faraó. Em todas as culturas sabemos que os monumentos representam um momento divino. Chegaram a quebrar as mãos da Iemanjá. Eu refiz e faço de novo se for preciso. Os afros são sofridos. Eles cavaram o brasil e vieram meia dúzias de portugueses para cá. 50% dos brasileiros são afro-descentes”, afirmou.

Ioannis Zavoudakis é autor de outras obras na capital. Aos 78 anos, ele ainda vive da arte e tem planos. Entre eles, quer construir uma capela para o Papa João Paulo II, que foi tornado santo pela igreja católica. “Seria ainda mais ponto turístico”, finalizou.

Homenagens

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Flores e outros objetos são deixados aos pés de Iemanjá, na praia de Camburi, em Vitória. Foto: Thais Rossi

Na manhã desta sexta-feira (2), devotos de Iemanjá passavam pela estátua da orixá e prestavam homenagens. A professora Lilian Esteves foi levar rosas com as duas filhas pequenas. Ela conta que é espírita e teve o primeiro contato com a orixá ainda criança.

“Sou devota dela a vida inteira, estou com 47 anos. Procuro vir todos os anos. Acredito desde criança porque meus pais sempre foram espíritas. Sempre acreditei em uma coisa mais divina, que mais nos aproxime de seres superiores. É muito importante para mim vir aqui”.

O aposentado Edézio Santos Filho, 66, também passou pelo monumento. Ele conta que enfrentou momentos difíceis. Chegou a ser preso e saiu após fazer um pedido. “Obtive a graça. A fé é que manda. Tenho obtidos muitos graças. Consegui me aposentar agora. Minha filha foi presa e saiu, meu filho voltou a trabalhar. Sós bênçãos. Eu creio em Deus, o maior de todos. Mas levo fé na Iemanjá, ela me ajuda”.

Uma aposentada que não quis ser identificada (ela contou que ainda sente preconceito ao falar da religião) relatou que sempre esteve ligada ao espiritual. “Sempre vinha aqui com meu pai. Deus o levou e eu continuo fazendo a mesma coisa que ele fazia. Eu já frequentei muitos centros espíritas. Parei, mas sempre venho aqui na virada do ano e no dia dela”.

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