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Uso de máscaras por até dois anos e surtos menores: a Covid após vacinação

“Cuidados, entre eles uso de máscaras, álcool em gel e distanciamento social poderiam começar a ser revistos tão logo aconteça a imunização de toda a população. Uma vez que a janela de vacinação será grande, esses cuidados ainda devem permanecer, por pelo menos, dois anos”.

A DOENÇA ASSUMIU FORMA DE 2ª ONDA, DIZ SUBSECRETÁRIO DE SAÚDE

A frase acima não é muito animadora, mas é uma realidade que terá que ser enfrentada pela população brasileira ao menos até 2022. Quem afirma isso é Rômulo Neris, um dos principais pesquisadores brasileiros sobre o novo coronavírus.

Virologista, Rômulo Neris é doutorando em imunologia e inflamação na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e, também foi um dos sete pesquisadores brasileiros selecionados para estudar a Covid-19 na University of California Davis, na Califórnia.

Para o especialista, é bem provável que a Covid-19, após o período de pandemia, se torne uma doença endêmica. “Na história da humanidade, a maioria das doenças se manifesta em surtos esporádicos depois do primeiro surto, da pandemia. É provável que tenhamos que conviver com surtos menores e tomar medidas rígidas”, afirma.

Uma doença endêmica é aquela que ainda está presente na população, mas não circula de maneira ativa e constante. Em uma pandemia, a pessoa pode adquirir determinada doença em qualquer lugar, tendo contato com qualquer pessoa. Já em uma endemia, há uma limitação geográfica e a doença fica mais restrita, sem muita circulação. O Brasil, inclusive, atualmente, convive com algumas doenças endêmicas, entre elas a dengue, zyka e chikungunya.

Para o especialista, alguns fatores explicam a ‘transformação’ da Covid-19 em uma doença endêmica. “Alguns fatores justificam. O fato de pessoas que tiveram a doença, aparentemente, poderem ter de novo, é um deles. As que não vão ser vacinadas em um primeiro momento também precisam fazer o máximo de esforço para manterem as medidas de contenção do vírus. A chamada imunidade de rebanho é quando o vírus para de circular e isso só se alcança com imunização em massa. Precisa vacinar o máximo e monitorar os vacinados para controlar o vírus, porque ele não é extinto, apenas controlado”.

Diferença de outras doenças endêmicas

A maioria das doenças endêmicas que temos no Brasil são transmitidas por um vetor, que é o mosquito. Portanto, controlando-se o mosquito, controla-se o vírus. A Covid-19, entretanto, é uma doença respiratória, transmitida de pessoa para pessoas.

“Depois do período pandêmico, deve-se sempre notificar os casos para as autoridades e isolar, para diminuir as chances de o vírus circular novamente. O Governo precisa de um sistema de vigilância robusto focado apenas em Covid, da mesma maneira que já acontece com outras doenças respiratórias, as chamadas Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Podemos citar o exemplo do sarampo, que temos uma vacina, mas a imunização caiu 7% nos últimos dois anos e isso foi suficiente para fazer a doença circular de novo e ter micro surtos no Brasil”, afirma Rômulo.

O especialista ainda reforçou que uma situação de “normalidade” só é prevista quando toda a população estiver imunizada. A expectativa do governo brasileiro é que o processo leve até dois anos.

“A cobertura vacinal ainda não foi determinada pelas pesquisas para se chegar em um nível de imunidade da população. As medidas de proteção são uma realidade e vão permanecer durante o próximo ano”.

Rômulo Neris também destaca que, mesmo pessoas que já tiverem sido vacinadas, devem continuar utilizando máscaras. “A eficácia das vacinas testadas e produzidas é alta, acima de 90%, então é improvável que pessoas vacinadas transmitam a doença. Mas a eficácia não chega a 100%, então, essas pessoas ainda podem adquirir a doença. Não tem forma de saber se a pessoa vai ser uma exceção e contaminar, mesmo com a vacina. Tem que usar máscara até a pandemia ser controlada em um nível global”.

Segunda onda da Covid-19?

Muito se fala em uma 2ª onda da doença no Brasil, mas o virologista afirma que o país, tecnicamente, não cumpriu os ‘requisitos’ para uma segunda onda.

“Quando o número de casos reduziu em setembro e outubro, ainda continuou muito superior aos números de outros países e ao parâmetro que a Organização Mundial de Saúde (OMS) usa para dizer que uma doença está em controle. Mesmo quando caiu, estava em descontrole, muito fora da curva. Houve um pico, uma ligeira redução e, novamente, um grande aumento. Isso não chega a ser uma segunda onda”.

O especialista também destacou a importância da vacinação e a necessidade que toda a população se vacine, assim que possível. Ele explicou que apesar de a doença matar ‘apenas’ 1% do total de infectados, é uma taxa muito alta para que todas as pessoas adquiram imunidade sem vacina.

“Para se chegar na imunidade de rebanho sem a vacina, se assumiu que morressem de duas a três milhões de pessoas só no Brasil. Nenhum órgão responsável assumiria esses que números são circulação natural da doença. Na história da humanidade, a imunização de rebanho só acontece com uma vacinação em massa, a exemplo dos casos do sarampo e rubéola”, finalizou.

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