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Último recurso contra a Covid-19 não existe no Espírito Santo

ALEXANDRE PASSOS

Quando a fisioterapia já não basta e a ventilação mecânica é insuficiente, um tratamento de maior complexidade surge como último recurso para o tratamento da Covid-19. Considerada a opção final para determinados pacientes, a oxigenação por membrana extracorpórea, conhecida pela sigla em inglês ECMO, tem ganhado destaque no noticiário brasileiro. Isto porque, com o aumento da contaminação do novo coronavírus entre os mais jovens, os casos de pacientes submetidos ao tratamento têm crescido consideravelmente.

O caso do ator e humorista Paulo Gustavo, internado desde o dia 13 de março devido ao agravamento do quadro de insuficiência respiratória, contabiliza mais um registro do procedimento. O comediante se enquadra no perfil de indicação para a terapia. As condições para a realização incluem a aptidão de cada organismo para a submissão da ECMO, fatores genéticos e o suporte técnico do hospital, que deve contar não só com o aparelho, mas com uma equipe multidisciplinar, hábil e vigilante no acompanhamento do paciente.

O aparelho consiste na simulação das funções do coração e do pulmão. O equipamento oxigena o sangue por conta própria, possibilitando o repouso e a desinflamação do pulmão. Com um tubo inserido na perna do paciente, o aparelho suga o sangue e o carrega até uma membrana artificial. Nela, ocorrem as trocas gostosas necessárias para o corpo – a saída de dióxido de carbono e a entrada de oxigênio. Uma vez o sangue oxigenado, ele volta para o paciente por outro tubo, este inserido no pescoço.

Último recurso contra a Covid-19 não existe no Espírito Santo

Sem oferta

Carolina perdeu o pai para o coronavírus momentos antes do Natal. Para ela, é impossível esquecer os nove dias de agonia que passou buscando informações sobre o estado de saúde do pai, entubado até o último suspiro. “Era todo dia ligando para o hospital ou conversando com as enfermeiras. Foram os dias mais longos e cansativos que tive”, relembra.

Ao tomar conhecimento da ECMO, a jovem de 23 anos questiona se o acesso às terapias são iguais para todos. “Infelizmente, a pandemia só destacou a desigualdade que já existe no país. Minha família nunca teria condições de bancar esse procedimento. Pela falta de dinheiro, está ‘tudo bem’ meu pai morrer?”, indaga.

Boa eficácia, mas alto custo

As perspectivas para quem, por acaso, necessite deste tratamento na rede pública de saúde são nulas. O motivo é que o procedimento deixou de ser contemplado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) desde 2015. A Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) confirma que a ECMO não é padronizada pelo SUS.

A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec) confirmou a eficácia da ECMO, mas o alto custo e a demanda intensa de equipes especializadas tornaram o tratamento inviável para o sistema público, especialmente devido à falta de verbas.

A membrana artificial utilizada para bombear o sangue é produzida fora do Brasil. Desde a importação até a instalação do dispositivo os valores ultrapassam R$ 30 mil. As principais empresas privadas de saúde no estado admitem que o tratamento, por ser de alta complexidade, é restrito a poucos pacientes.

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