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Soraia Talassa, liberdade e expressão trans no trap de Serra Sede

Nascida nos anos 90, Soraia Talassa tem nome que significa “estrela”. Botar a cara e o talento a prova (palavras dela) parecem combinar com a mulher que canta trap, um meio predominantemente masculino. Um caminho que começou recente, em 2020.

Nascida e criada na periferia de Serra Sede, Soraia conta que sempre gostou muito de cantar. Mas de onde surgiu, nesse gosto, o trap? Parece ter sido uma “extensão” do que o irmão dela, o rapper Dobby Z, que tem envolvimento na cultura underground, já faz.

“Sou umbandista desde 2006 e minha religião é muito cantada. Peguei muito gosto por cantar, mesmo não sendo profissional na área e não tendo aquela estrutural vocal que se é exigida. Pelo gosto de cantar, juntei o útil ao agradável. Falei com o meu irmão para fazermos uma música. Ele topou. Resolvemos escrever uma letra e lançamos Spitz Lepôm, uma música em parceria, que também fizemos um clipe”.

Depois dessa gravação, Soraia resolveu escrever a primeira música sozinha, “Deixa de mi mi mi”, que fala de transgeneridade, para homenagear Dimmy Kieer, a drag queen interpretada pelo ex-bbb, Dicésar. Também tem outro feat com o irmão.

Ser uma mulher trans no trap, para as pessoas, ela diz, deve ser inusitado. “Conheço drag queens que estão no trap. Porém, não senti, diretamente, o peso de ser uma mulher trans dentro desse estilo porque só me envolvi com pessoas que conhecem meu irmão. Então, de certa forma, o respeito que as pessoas do trap aqui da minha região tem por ele acabou se repassando pra mim. Ninguém me questionou”.

Soraia é sincera ao dizer que, apesar do respeito, tentaram olhar torto. Isso é sentido por ela na falta de apoio nenhum e na sensação de que está invadindo a cobertura e zona de conforto do estilo trap. “Logo no começo, dei algumas entrevistas. Quando meu irmão e outras pessoas falaram de trap, a live lotou. Mas quando fui eu, nem se que quiseram assistir”.

Também diz o preconceito que pode existir até mesmo dentro a comunidade LGBTQIA+. “Eles pregam a união, o espaço na comunidade, lutam por reconhecimento. Mas não há unidade entre eles. Ser trans é muito difícil”, afirma.

Dentro desse difícil universo, de quem saiu de casa aos 14 anos pela corajosa decisão de se assumir, envolta pelo machismo cultural e agressividade do próprio pai, ela diz que “a música nos transporta para vários outros lugares”.

O trap é um estilo urbano que grita as realidades sociais de quem vive a margem da sociedade. Mesmo assim, Soraia quer migrar para o pop, onde se expressar também é uma realidade, ainda que de formas diferentes. E, conforme ela mesma disse, “existem várias maneiras de se expressar”.

Em janeiro, Soraia Talassa lança um EP com quatro músicas, sendo uma em espanhol. Confira mais do trabalho dela nos vídeos abaixo!

FOTO DESTAQUE: Divulgação

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