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Legionelose: surto no Hospital Santa Rita liga alerta sobre manutenção de ar-condicionado

O recente surto de infecções no Hospital Santa Rita, divulgado com exclusividade pelo Jornal ESHOJE na última quinta-feira (24), deixou 33 pessoas doentes, entre funcionários, pacientes e acompanhantes. O caso está sendo investigado por um laboratório de São Paulo, e uma das principais suspeitas é a Legionelose, também conhecida como Doença dos Legionários — um tipo de pneumonia causada pela bactéria Legionella pneumophila.

A técnica em refrigeração e ar-condicionado e conselheira do Conselho Regional dos Técnicos Industriais do Espírito Santo (CRT-ES), Adriana Neto, explica como essa bactéria — muitas vezes confundida erroneamente com um fungo — pode se proliferar em sistemas de climatização:

“A proliferação se intensifica na época de fim de inverno e primavera. As pessoas tendem a não usar o aparelho e se esquecem de limpá-lo. Quando chega o verão, simplesmente ligam o equipamento e passam a utilizá-lo sem a devida limpeza prévia.”

A especialista detalha o ciclo vicioso:

“Os aparelhos de ar-condicionado filtram o ar, e a serpentina e os filtros retêm vírus e bactérias. Quando não são higienizados, esses microrganismos voltam ao ambiente em um ciclo vicioso e danoso. O ar-condicionado, por ser um ambiente úmido, acaba proliferando a Legionella muito rapidamente, principalmente em aparelhos dutados.”

Adriana lembra que existe uma legislação específica sobre o tema: o PMOC (Plano de Manutenção, Operação e Controle), previsto na Lei nº 13.589/2018.

“Hoje, poucos órgãos e empresas fiscalizam a execução do PMOC, e a cada ano que passa, a Legionella se prolifera mais em hospitais, hotéis, igrejas, clínicas e outros ambientes climatizados.”

A técnica reforça que a fiscalização precisa ser mais rigorosa:

“As empresas precisam criar um protocolo de fiscalização para garantir que o plano do PMOC está sendo cumprido — e não apenas que os papéis estão sendo assinados. O PMOC virtual exige comprovação dos produtos e registro fotográfico da limpeza. Embora o Ministério Público (MP) tenha fiscalizado mediante denúncias, a vigilância sanitária e os conselhos técnicos também precisam verificar quais são os profissionais que estão executando os serviços e como eles estão sendo realizados, incluindo os produtos utilizados.”

Por fim, Adriana Neto destaca a importância de contratar serviços qualificados:

“É muito importante verificar se estão sendo utilizados produtos adequados e se o serviço está sendo realizado por uma empresa devidamente registrada e com profissionais qualificados. Infelizmente, há pessoas atuando na área sem a devida formação, e isso é muito prejudicial, pois a desinformação pode levar, inclusive, esse profissional a se tornar uma vítima ou um vetor de infecção.”

A conselheira também ressalta a necessidade de ações imediatas:

  • Isolar os aparelhos e aplicar bactericidas;

  • Agendar limpezas com todos os cuidados necessários;

  • Realizar análises da qualidade do ar para identificar o problema;

  • Criar um protocolo eficaz para o tratamento das pessoas com infecção respiratória.

 

Thauane Lima
Thauane Lima
Bacharel em Jornalismo pela UFES

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