A campanha política do ano que vem reserva uma situação para lá de curiosa. Se antes os conservadores (ou reacionários — por favor, procurem o que essa palavra significa) se apresentavam apenas munidos da bandeira do Brasil em seus atos, para o pleito de 2026 o movimento ganha reforço com as flâmulas dos Estados Unidos e de Israel.
Já não é novidade a presença das três bandeiras em manifestações políticas e até em cultos de igrejas evangélicas. No imaginário popular, os Estados Unidos simbolizam a liberdade — associação criada ao longo da história, ainda que o país enfrente dilemas internos —, enquanto Israel é identificado como a terra de Jesus Cristo. Cabe lembrar, no entanto, que a religião predominante em Israel é o judaísmo, e não o cristianismo, ainda que o território esteja diretamente ligado à trajetória de Jesus.
O uso da bandeira norte-americana também se conecta ao atual momento político. Como destacou o New York Times, ela se transformou em um novo símbolo da direita. O alinhamento irrestrito de Donald Trump ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reforça essa ligação. Assim, levantar a bandeira dos EUA tornou-se, no Brasil, uma forma de reafirmar identidade política à direita — embora, na prática, isso seja mais visível entre apoiadores do bolsonarismo do que em outros segmentos conservadores.
Já o caso de Israel traz outra camada de complexidade. Para muitos eleitores, carregar a bandeira israelense representa uma defesa da “casa de Cristo”. Porém, o debate é mais intrincado, marcado pelo longo e doloroso conflito entre israelenses e palestinos, com ramificações políticas, religiosas e humanitárias que vão muito além da simbologia evocada em palanques eleitorais.
O ponto que merece atenção é como o eleitorado de centro e de centro-direita vai reagir a esse fenômeno. Adoção de símbolos estrangeiros pode soar como fortalecimento de alianças culturais e ideológicas, mas também pode ser interpretada como invasão do campo do patriotismo. Será que o eleitor médio enxerga esse gesto como radicalismo? Ou como estratégia legítima de posicionamento político, supostamente em benefício do Brasil?
De todo modo, a tendência já está posta. No Espírito Santo e em todo o país, candidatos vão explorar esse discurso e disputar corações e mentes também por meio da simbologia das bandeiras. Resta saber se as urnas, no próximo ano, validarão essa escolha ou a colocarão em xeque. Afinal, o número de votos será o verdadeiro termômetro da eficácia da estratégia.
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Informal
O vice-governador do Estado, Ricardo Ferraço (MDB), segue adotando postura mais informal. Para falar de inauguração de um novo totem de segurança, no Centro da Capital, ele apareceu tomando um café numa banca ao lado do governador do Estado, Renato Casagrande (PSB), e do secretário de Estado de Segurança, Leonardo Damasceno.
Híbrido
No retorno do feriado prolongado, a Assembleia Legislativa, sem grandes alardes, promoveu sessões híbridas nesta semana. Deputados poderiam estar in loco ou de modo virtual.
Enfim nomeada
Anunciada no último dia 20 de agosto como nova presidente do Invest-ES, Patrícia Gouvêa foi nomeada nesta quarta-feira (10) para o cargo.
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Acumulando apoios I
O prefeito de Cariacica, Euclério Sampaio (MDB), segue gabaritando lista de apoios para sua pré-candidatura ao Senado. O suporte do Projeto Político Militar demonstra simpatia do setor da segurança pública para o emedebista.
Acumulando apoios II
Lembrando que o prefeito é investigador aposentado da Polícia Civil. Ele ainda ganhou suporte do deputado estadual Pablo Muribeca (Republicanos), do partido do prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos). Situação, no mínimo, curiosa.
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Encontro gospel
O prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo (sem partido), e a esposa dele, Andressa Barcelos, se encontraram com os pastores Victor Hugo e Sammera Rocha, da Ives Church. Arnaldinho vem buscando forças também junto a igrejas para solidificar sua pré-candidatura ao governo estadual.
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Prazo indeterminado
Como destacado anteriormente por esta coluna, prazo indeterminado na interinidade de Regis Mattos Teixeira e de Luciano Forrechi no comando, cada, de duas pastas, ao mesmo tempo, na Prefeitura de Vitória.
Choque
A morte por infarto fulminante do vice-prefeito de Castelo, Rafael Rigo Assini, deixou a classe política em choque. Toda solidariedade à família e a amigos do vice-prefeito.
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Na moita
Dizem que uma pessoa que ocupou cargo em gestão deixou arapucas. Mas as armadilhas devem recair para cima dela. Cuidado!
Tá na rede
“Invasão é crime e não vamos aceitar isso no Espírito Santo!”
Evair de Melo (Progressistas), deputado federal