A sessão da Câmara de Vitória desta terça-feira (23) ganhou tom de denúncia política com o discurso do vereador Professor Jocelino (PT), que questionou a recente contratação, no valor de R$ 9 milhões por dois anos, de uma empresa para prestar serviços de saúde itinerantes aos servidores municipais. Para o parlamentar, a medida representa desperdício de recursos diante da estrutura já consolidada da Medicina do Trabalho da capital, considerada referência no Espírito Santo.
Em sua fala, Jocelino classificou o projeto como “um programa inútil”, argumentando que os servidores já contam com atendimento médico especializado, tanto pela rede municipal quanto pela Medicina do Trabalho. Ele criticou ainda o modelo anunciado, em que ônibus seriam estacionados em frente a escolas e repartições públicas para atender trabalhadores, o que, segundo ele, expõe servidores em situações delicadas, especialmente professores e profissionais da educação.
O vereador também lembrou que a Prefeitura cortou recursos em áreas como iluminação, semáforos e serviços básicos, ao mesmo tempo em que autorizou o contrato milionário. “Enquanto não permite sequer que um servidor se ausente para ir ao velório de um familiar, a gestão cria um aplicativo e um atendimento itinerante sem justificativa plausível”, ironizou.
O calendário também pesou no tom das críticas: no dia 28 de outubro é celebrado o Dia do Servidor Público. Para Jocelino, em vez de lançar programas duvidosos, a Prefeitura deveria priorizar o debate sobre o reajuste salarial, ainda indefinido para 2025. “Estamos em setembro, já indo para outubro, e nada se fala de reajuste. O servidor espera reconhecimento e valorização, não um aplicativo de fachada”, disparou.
As críticas reforçam a pressão política em torno da valorização do funcionalismo e levantam dúvidas sobre a coerência da gestão municipal na aplicação dos recursos. A expectativa agora é que a Prefeitura esclareça os questionamentos em resposta ao requerimento de informações protocolado pelo parlamentar.
Prefeitura
A Prefeitura de Vitória, por meio da Secretaria de Gestão e Planejamento, informou que a contratação da empresa especializada tem como objetivo a prestação de serviços de apoio à gestão e ao monitoramento da saúde dos servidores. “Trata-se da ampliação das atividades atualmente desempenhadas pela Medicina do Trabalho, com a inclusão de ações voltadas à prevenção e à promoção da saúde, em conformidade com as diretrizes da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1)”, declarou o órgão.
Segundo a secretaria, além da análise de licenças e perícias médicas, que continuarão sendo realizadas pela equipe da Medicina do Trabalho, o contrato contempla consultas e exames periódicos, bem como atendimento por equipe multidisciplinar composta por profissionais habilitados para o acompanhamento integral da saúde do servidor.
O valor do contrato corresponde ao período de 24 meses, com pagamento vinculado à efetiva execução dos serviços, conforme previsto em contrato, afirmou.
“Também será criado um novo serviço de atenção preventiva à saúde do servidor, com acompanhamento de psicólogos, nutricionistas e educadores físicos. O programa prevê ainda agendamento on-line e teleconsultas”, prosseguiu.
A administração municipal ressaltou que o contrato não substitui, mas complementa os serviços já prestados pela Medicina do Trabalho. Com o programa “Viva Bem Servidor”, a gestão afirma dar mais um passo na valorização dos servidores.
A Prefeitura destacou ainda que, nos primeiros quatro anos da atual administração, foram concedidos reajustes superiores a 32%, o maior aumento em uma única gestão desde o Plano Real. O tíquete-alimentação também teve alta de 106% no período.
Por fim, a gestão reiterou que continua investindo não apenas em salários, mas também na melhoria das condições de trabalho e no cuidado com a saúde dos servidores.
