O desembargador Macário Ramos Júdice Neto foi preso na manhã desta terça-feira (16) durante a Operação Unha e Carne 2, deflagrada pela Polícia Federal para apurar o vazamento de informações sigilosas relacionadas às investigações contra o ex-deputado estadual e vereador Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Joias.
A prisão preventiva foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A operação ocorre no Espírito Santo e no Rio de Janeiro, estados onde o magistrado mantém vínculos. Além do desembargador, outros investigados também são alvos de medidas judiciais.
De acordo com a Polícia Federal, a investigação aponta que informações protegidas por sigilo judicial teriam sido repassadas de forma indevida, o que teria beneficiado investigados no esquema atribuído a TH Joias, permitindo a antecipação de ações policiais e possíveis tentativas de ocultação de provas.
Macário Júdice Neto é desembargador do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) e atuava como relator de processos ligados ao caso TH Joias. A suspeita de vazamento parte justamente da atuação dele em procedimentos relacionados às investigações conduzidas pela PF.
O nome de Macário voltou ao centro do noticiário em 2023, quando ele foi reintegrado à magistratura após cerca de 17 anos afastado. Antes disso, o magistrado havia sido alvo de investigações e processos administrativos iniciados em 2005, que resultaram em seu afastamento cautelar. No campo criminal, ele acabou absolvido das acusações, e, na esfera administrativa, decisões posteriores do Conselho Nacional de Justiça reconheceram falhas processuais e prescrição, permitindo seu retorno ao Judiciário.
Natural do Espírito Santo, Macário construiu carreira como juiz federal a partir dos anos 1990, tendo atuado como titular da 3ª Vara Federal de Vitória e exercido funções administrativas na Justiça Federal da 2ª Região, que abrange os estados do Espírito Santo e do Rio de Janeiro.
O caso TH Joias investiga a atuação de uma suposta organização criminosa envolvida em crimes como lavagem de dinheiro, associação criminosa e ligação com facções, já alvo de outras operações da Polícia Federal. A nova fase da investigação busca identificar a participação de agentes públicos no favorecimento ao grupo.
A defesa do desembargador ainda não se manifestou. As investigações seguem em andamento sob a supervisão do Supremo Tribunal Federal.
