Após cumprir três anos de internação, o jovem que invadiu duas escolas no município de Aracruz, no Norte do Espírito Santo, matou quatro pessoas e feriu outras 12 foi liberado.
Segundo informações do Tribunal de Justiça do Espírito Santo, o rapaz cumpriu o prazo máximo de internação e agora vai continuar cumprindo medida socioeducativa de liberdade assistida.
A Liberdade Assistida é uma medida socioeducativa aplicada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e pelo sistema de justiça para acompanhar, apoiar e orientar o adolescente que cometeu um ato infracional.
Segundo descrito pelo órgão, a medida se caracteriza pelo acompanhamento em meio aberto, com foco em reinserção social, inclusão escolar, formação profissional e fortalecimento dos laços familiares. A medida é reavaliada a cada seis meses e exige a participação do adolescente em atividades e a orientação de um profissional.
Desde o ataque, o jovem permaneceu sob medidas socioeducativas, sem julgamento penal, por ser menor de idade na época. O período máximo de três anos de internação é definido pelo Estatuo da Criança e do Adolescente (ECA), tempo que foi completado no mês de novembro.
Segundo a decisão da Vara da Infância e Juventude de Aracruz em dezembro de 2022, enquanto esteve internado, o jovem deveria ser avaliado periodicamente, inclusive por psiquiatras.
Relembre o caso
O ataque às duas escolas teve início por volta das 9h30 do dia 25 de novembro de 2022 e resultou na morte de quatro pessoas. A ação do adolescente, na época com 16 anos, começou pela Escola Estadual Primo Bitti, onde ele arrombou o cadeado de um dos acessos e fez disparos matando dois professores e ferindo mais nove.
Em seguida, o atirador entrou em um carro e foi até o Centro Educacional Praia de Coqueiral, instituição particular. No local, efetuou novos disparos, tirando a vida de uma aluna e ferindo mais duas pessoas. Outra professora, vítima do ataque, não resistiu aos ferimentos e morreu no hospital.
As vítimas foram identificadas como Selena Sagrillo Zucoloto, de 12 anos, Flávia Amboss Merçon Leonardo, de 36 anos, Cybelle Passos Bezerra Lara, de 45 anos e Maria da Penha Pereira de Melo Banhos, de 48 anos.
O adolescente é ex-aluno da Escola Estadual Primo Bitti, onde estudou até junho de 2022, até que a família o transferiu para outra instituição. O jovem é filho de um policial militar e no momento do ataque usou um uniforme camuflado, com uma braçadeira nazista e máscara de caveira. Uma das armas usadas era do pai do rapaz.
Famílias das vítimas seguem vivendo a dor da tragédia
Em entrevista recente ao ESHOJE, Laudérico Antônio Zuccolotto avô de Selena Sagrillo, morta dentro da escola, disse que a soltura do jovem gera insegurança e medo de que ele possa fazer algo pior ou repetir o crime.
“A MAIOR INSEGURANÇA É QUE ELE VENHA A FAZER TUDO DE NOVO, JÁ QUE NÃO HOUVE PUNIÇÃO PELO ATAQUE”, DESTACa

Ainda segundo ele, há informações de que o criminoso tem proteção do Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte (PPCAM) e, por conta disso, teria até mudado de nome, reforçando ainda mais a sensação de impunidade.
“Parece que o bandido somos nós. Não estamos recebendo nada. Todo tratamento é por nossa conta. Todo sofrimento causado por este assassino está presente em todos os dias de nossas vidas”, desabafa.
O Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo (Iases) não comenta o caso, em cumprimento às normas de proteção integral a menores de idade, previsto no ECA.
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