Theodore Roosevelt foi o 26ª presidente dos Estados Unidos
da América. Governou aquele país de 1901 a 1909 – e legou-nos uma acusação
terrível: “Por detrás do Governo ostensivo acha-se um Governo invisível, que
não deve fidelidade nem reconhece qualquer responsabilidade perante o povo.
Destruir este Governo invisível, dissolver esta maligna aliança entre
negócios corruptos e política corrupta, há que ser a primeira tarefa de Estado.
Este país pertence ao povo. Seus recursos, seus negócios, suas leis, suas
instituições, deveriam ser utilizadas, mantidas ou alteradas somente da
maneira que melhor atendesse o interesse coletivo”.
Mais de um século se passou. Adentramos um novo milênio. E ouço, pela voz do
atual presidente norte-americano, Donald Trump, as seguintes – e igualmente
amargas – palavras sobre este “Deep State”: “É uma estrutura global de
poder responsável pelas decisões econômicas, que rouba nossa classe
trabalhadora, despe nosso país de sua riqueza e transfere o dinheiro para
os bolsos de um seleto grupo de grandes corporações e entidades
políticas”.
Disse, então, ser este grupo “responsável pelos desastrosos resultados da bolsa
de valores, massiva imigração ilegal e políticas externas que sangram nosso
país até que não haja mais nada”.
Questionou, finalmente, “se somos realmente uma nação livre ou vivemos sob uma
ilusão de democracia sendo, na verdade, controlados por seleto grupo que
corrompe o sistema. Basicamente todo mundo sabe disso”.
Concluiu lançando grave advertência: “a única coisa que pode parar esta máquina
corrupta é você”.
Eis aí um quadro digno de reflexão, porquanto resistente ao tempo. Somos uma
humanidade perplexa, a padecer de males os mais absurdos em um planeta
riquíssimo. Muito pouco da rotina dos povos faz algum sentido, se a
olharmos com olhos de ver. Vivemos a desmoralização do escândalo, indo de uma
crise a outra como se vai à padaria comprar pão.
Começamos a perder – se é que já não perdemos – o que de mais importante um
povo pode ter: condições de pensar com serenidade sobre o que se passa e a
partir daí definir juízos e ações. Vemos as gerações passando e os mesmos
debates sobre os mesmos problemas se repetindo, iludindo os jovens e desiludindo
os velhos.
Será que haveria, afinal, muita lógica em toda esta loucura?
O “Deep State”
Comentários