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Mangue: o orgulho para a comunidade da Grande Goiabeiras

Mangue: o orgulho para a comunidade da Grande Goiabeiras
Ana Luiza Andrade

O bairro mais visitado de Vitória é Goiabeiras. É lá que pessoas de todo o Brasil e de diversas partes do mundo vão para conhecer o trabalho das famosas paneleiras, chegando a receber mais de três mil turistas por ano na região. Segundo a Central de Atendimento ao Turista (CAT), mais de 68% do movimento de turistas em toda a capital é lá.

A reportagem de ESHOJE caminhou pelas ruas do bairro e o que se viu foi muito além das panelas de barro que servem a moqueca capixaba. Por Goiabeiras é possível encontrar uma comunidade unida, que não depende do poder público para agir.

Ilza Barboza, 81, nascida e criada no bairro afirma que a região das paneleiras passou por muitas mudanças. “Aqui era um bairro pobre, cresci no mangue brincando com o barro, mas agora está melhorando muito. Era muito pequeno e hoje se tornou a grande Goiabeiras”.

Mangue: o orgulho para a comunidade da Grande Goiabeiras
Foto de Kevin Barboza

Segundo ela, o crescimento levou vantagens à população. “Além do galpão, que nos trouxe muitas oportunidades, tenho qualidade de vida aqui. Até com a chegada das faculdades e o crescimento do bairro”, conta ela animada. Dona Ilza faz parte da banda de congo ‘Panela de barro’ que sempre se apresenta na região.

Essa qualidade de vida tem influência dos próprios moradores. Como Nilson Dias Bertazo, 56, que é parte dessa mudança. “Moro em Goiabeiras há 15 anos, gosto daqui, pois é um bairro pequeno e tranquilo e o povo é muito unido”.

Mangue: o orgulho para a comunidade da Grande Goiabeiras
Foto de Kevin Barboza

Lê Manguê’
Essa união resultou em uma bela iniciativa, o “cerimonial ‘Lê Manguê’” – um canteiro feito por moradores na extensão da orla do manguezal, na Rua Silvana Rosa. “Nosso cantinho foi uma iniciativa de 15 moradores. Sempre alimentei os animais que circulam por aqui, desde os pássaros aos macacos que vivem próximo ao mangue. Isso atraiu ainda mais espécies, e a partir disso os moradores se motivaram a cuidar do local”.

A primeira motivação, de acordo com Nilson, foram os alagamentos causados pela maré alta. “Nos unimos para aterrar o local, já que o poder público só tem olhos para o galpão (das paneleiras), que é onde os visitantes focam mais. Não tivemos a reforma da orla, portanto fomos nós quem tomamos essa atitude”.

Após o aterramento, o problema se tornou outro. “Os próprios moradores começaram a jogar lixo e entulhos no local, e foi aí que um dos moradores teve a ideia de começar a plantar ali. Hoje se transformou no que hoje chamamos de cerimonial ‘Lê Manguê’. Que é um espaço onde plantamos, alimentamos os animais, e acabou se tornando em um ponto de encontro, não só para os moradores, mas turistas e crianças que após as visitas no galpão, passam por aqui”.

https://www.youtube.com/watch?v=4Hd9JlKsmu0&feature=youtu.be

Mangue: o orgulho para a comunidade da Grande Goiabeiras
Foto de Kevin Barboza

Turismo, cultura e meio ambiente
Os moradores de Goiabeiras demonstram ter muito orgulho do bairro e de tudo que construíram juntos. O espaço, à beira do mangue tem menos de um ano e une turismo, meio ambiente, cultura e qualidade de vida.

“Além de ponto de encontro, o espaço é dividido pelos moradores que plantam, e fazem a colheita, que é para todos. E o melhor de tudo, é que todo mundo conserva e cuida do lugar, nunca existiu nenhum tipo de vandalismo. É um espaço nosso que é respeitado”, destacou Nilson Dias. “É um privilégio ter um quintal desses, a natureza trouxe mais vida pra cá. Sem o lixo, apareceram mais caranguejos e mais espécies de animais que faço questão de deixar frutas pra eles diariamente, é um encontro marcado (sorri)”.

Além de lindo, o espaço tem uma ideia sustentável. Um cantinho de leitura, que imita um poço de água, é canteiro de temperos e também uma estante para que as pessoas doem livros para quem quiser pegar e deixar quando quiser, dividindo conhecimento. Com essa ideia de união, e para mostrar que o lugar é de todos, também deixam um ‘porta saco’, para quem quiser levar os pets, possam recolher seus dejetos.

Mangue: o orgulho para a comunidade da Grande Goiabeiras
Foto de Kevin Barboza

O aposentado e morador do bairro desde sempre Edvaldo dos Santos, 73, gostou tanto da ideia que afirma que o canteiro deveria se estender até o fim da rua. “A ideia foi maravilhosa, tornou o lugar ainda melhor para viver. Queria que a prefeitura visse nossa ideia como exemplo para fazer o canteiro da orla”.

Prefeitura afirma apoio
São ações como a construção de espaço que preserva a orla de Goiabeiras que inspiram e mostram que independente de onde vêm, boas iniciativas podem beneficiar toda comunidade. O trabalho foi da população, como os moradores garantem. Mas a Prefeitura de Vitória, por meio de nota, informou que atuou no local disponibilizando servidores e equipamentos para a retirada do lixo.

A prefeitura afirmou, ainda, que ajudou a fazer a limpeza do espaço, e que também teria auxiliado no aterro para a melhoria da orla. Ainda em nota, a prefeitura pontuou que pavimentou e calçou a rua.

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