Em tempos de pandemia do Covid-19 existem diversas peças que fazem a vida em sociedade continuar existindo, mesmo com tantas restrições e distanciamento físico. Nos hospitais, médicos, enfermeiros e técnicos de saúde dão tudo de si pela vida das pessoas contaminadas. Nas ruas, motoristas, entregadores, policiais dedicam-se a viabilizar condições para quem precisa sair e o conforto de quem ajuda ficando em casa.
Todos esses são lembrados e ovacionados por boa parte da população capixaba, que sofre com mais de 40 dias de isolamento social. Mas tem muita gente que se coloca em risco para que o andamento das rotinas que mantêm tudo funcionando e que às vezes passam despercebidos a olhares menos atentos.
Por isso, neste 1º de Maio tão atípico, a reportagem de ESHOJE procurou profissionais de diversas áreas, tantas vezes invisíveis, para saber como está a vida e o trabalho em um momento tão diferente e assustador.
“Muitos serviços são essenciais para população e não podem paralisar, nem podem ser feitos remotamente, neste momento. No meu caso, executo uma função que não pode parar. Fico responsável por monitorar 24h as câmeras instaladas ao longo da Rodovia do Sol, além de receber as chamadas dos usuários que precisam de algum apoio na via. A partir desse monitoramento conduzimos as demais equipes para prestar o atendimento necessário. Eu preciso garantir que todas as pessoas que precisam circular pela Rodovia do Sol possam contar com todo apoio”, contou Adriano Bruno Procópio dos Santos, operador da Rodosol.
A atendente de farmácia Karen Mello conta que relutou em seguir trabalhando quando o isolamento social teve início e só mudou de ideia por conselho materno. “Minha mãe é idosa, tem 75 anos. Quando soube que eu não poderia trabalhar e ficar próxima a ela, pediu para minha irmã, que mora em um sítio no interior, para vir buscá-la. Disse que eu não poderia deixar o serviço, pois muita gente doente iria precisar de remédio”, lembrou a balconista, de 39 anos.
Já Jorge Lucas Martins de Castro, 21 anos, é embalador de supermercado, em Vila Velha. Apesar da pouca idade, Jorge tem consciência da importância de seu trabalho. “Trabalhar em supermercado e muito próximo das pessoas dá medo, mas estou tomando os cuidados necessários e sei que meu trabalho é muito importante, pois as pessoas têm necessidade de ir às compras neste momento de crise e precisam de atendimento”.
A cuidadora de idosos Maria Antonia Alonso está em isolamento, só que no trabalho. Ela é parte de uma equipe de quatro pessoas que presta auxílio uma moradora da Praia da Costa de 92 anos. “Nos reunimos com dois filhos da nossa paciente para decidir como faríamos para continuar prestando o serviço sem criar riscos para ela ou nossa família. Como as outras três cuidadoras possuem filhos pequenos, eu me isolei com ela”, explicou Maria Antonia, que está confinada no apartamento da patroa desde 20 de março.
O técnico de segurança do trabalho responsável pela coleta de lixo em Linhares, Werley Lopes, diz que tem “orgulho de prestar um serviço tão importante e essencial que é a limpeza urbana”. Lopes conta que o trabalho diminui – e muito – a proliferação do vírus. “Todos os dias, os garis saem de suas casas, deixam suas famílias para deixar nossa cidade limpa”. O técnico também faz um apelo pela segurança dos garis.
“Nesse momento de pandemia, podemos ver que muitas pessoas estão descartando as máscaras de forma errada, jogam no lixo e não pensam nos coletores. Joguem o equipamento no lixo dentro de um saco plástico amarrado. Zele pela segurança de quem zela por você”, finalizou.
