O Dia Internacional de Luta contra o Câncer Infanto-juvenil é lembrado anualmente desde 2002, no dia 15 de fevereiro. A data reforça a importância do diagnóstico precoce no combate à doença e o papel decisivo de pais e responsáveis na hora de identificar os primeiros sinais e encaminhar os pacientes ao médico.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), cerca de 80% das crianças e adolescentes acometidos pela doença podem ser curados se diagnosticados precocemente e tratados em centros especializados. No Espírito Santo, 223 crianças e adolescentes, de 0 a 19 anos, foram diagnosticadas com câncer no último ano. Todas elas submetidas a tratamento e acompanhamento oncológico no Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória (HINSG), em Vitória, único serviço de pediatria oncológica do Estado, que também atende pacientes vindos do sul da Bahia e outras regiões de Minas Gerais.
Com sintomas como palidez, anemia, diminuição das atividades, manchas roxas, febre sem causa definida, o câncer infanto-juvenil corresponde a uma série de doenças que têm em comum a proliferação descontrolada de células anormais em qualquer parte do organismo.De acordo com a oncologista pediatra do HINSG, Glaucia Perini, apesar de ser uma doença relativamente rara, o câncer é a primeira causa de morte entre pessoas até os 18 anos.
“Enquanto o diagnóstico do câncer no adulto alcança uma prevenção de 20 a 30%, na evolução da doença, no câncer infantil os exames de rastreamento não têm grande importância, uma vez que os sintomas geralmente são recentes”, explica Gláucia. Com mais de 30 anos de experiência, a médica especialista garante que, em 95% dos casos, o câncer infantil não é diagnosticado por exames de rastreamento. “Por isso que a informação trazida pelo responsável é tão importante e deve ser acolhida pelo profissional na atenção primária”, comenta.
Existem, ao todo, 12 grandes grupos de doenças identificadas como câncer infanto-juvenil. Dessas, três têm maior incidência e apresentam os sintomas mais comuns de serem identificados em todas. São elas os Linfomas, que se identificam pelo aparecimento de ínguas sem doença definida, perda de peso e sudorese (suor excessivo) a ponto de trocar a roupa. Também aparecem caroços em alguma parte do corpo e dores que se repetem; Tumores, em que o mais incidente é o Tumor do Sistema Nervoso Central, com sintomas que vão de dores de cabeça e vômito pela manhã, a sinais neurológicos como perda de habilidade adquirida, paralisia em parte da face e aumento do perímetro craniano.
Por último, é possível identificar as Leucemias Agudas, geralmente decorrentes de falência medular. Essas são possíveis de se identificar por meio de sintomas como palidez, anemia, diminuição das atividades, manchas roxas e febre sem causa definida. “Um alerta para os pais é que o médico não errou na primeira consulta, uma vez que são sintomas comuns ao câncer e também outras doenças. Os sintomas continuando, é necessário levar a criança novamente para novo diagnóstico”, orienta Glaucia.
Outro ponto importante do tratamento do câncer infanto-juvenil são as limitações trazidas por parte de alguns tratamentos comuns em adultos. É o caso do transplante de medula óssea, efetivo em pacientes com mais de 19 anos, mas não recomendado a crianças e adolescentes. Ainda de acordo com a especialista, os avanços em medicamentos tendem a substituir esse modelo de terapia muito em breve. “Em dezembro de 2023, a equipe do HINSG conseguiu negativar um quadro de Leucemia Linfoide Aguda D em uma paciente através da Blinapumomabe, uma medicação até então inédita no Estado. Algo a se comemorar e levar adiante”, conclui.
No Espírito Santo, além do tratamento e acompanhamento regionalizado do Hospital Infantil Naossa Senhora da Glória, é possível buscar apoio e outros tipos de acompanhamento complementares em entidades filantrópicas dedicadas ao câncer infanto-juvenil, como é o caso da Acacci, Associação Capixaba de Combate ao Câncer Infantil, localizada há 35 anos em Jardim Camburi. “Nossa missão é contribuir com a qualidade de vida e dignidade das crianças e adolescentes com câncer e suas famílias, empreendendo socialmente e articulando para que se viabilize a atenção integral e a conscientização da causa”, defende o diretor executivo da associação, Francisco Carlos Gava, no site da entidade.
Para contribuir de maneira voluntária com a Acacci, basta acessar o site da entidade no acacci.org.br ou ligar para o (27) 2125-2999. Além de prestar apoio emocional a pacientes e suas famílias, a associação promove integração através de eventos como a colônia de férias para crianças e adolescentes, além do Programa Diagnóstico Precoce, que busca conscientizar famílias sobre os sintomas ligados ao câncer infanto-juvenil