No dia 19 de fevereiro de 1986, a Comissão Baleeira Internacional declarou a moratória global proibindo a caça de baleias para fins comerciais. Desde então, a data ganhou um significado especial, levantando a bandeira da importância de conservação do gigante aquático.
Para celebrar esse dia, vamos conhecer mais sobre a baleia-jubarte, desde às curiosidades a proteção do animal. Todos os anos o Espírito Santo é privilegiado pela migração da baleia mais amada pelos amantes do “Whale watching”, termo inglês que significado “observação das baleias”.
Conhecido por ser um dos maiores programas de conservação de baleias e golfinhos do mundo, o Projeto Baleia Jubarte, criado em 1988 em Caravelas, vem atuando na pesquisa e conservação na plataforma dos Abrolhos, no norte do Espírito Santo, desde 2001.
O grupo promove sobrevoo para estudar o crescimento populacional da baleia-jubarte em toda a costa brasileira, incluindo o Banco dos Abrolhos e regiões adjacentes como a Grande Vitória e o Sul do Estado.
Embarcado no Espírito Santo desde 2009 nos projetos de monitoramento e pesquisa da implementação das atividades industriais na costa capixaba, em 2014 o grupo iniciou a implementação e o monitoramentos da atividade de Observação de Baleias na Grande Vitória.
De acordo com o coordenador do projeto em território capixaba, Paulo Rodrigues, o objetivo principal do programa é promover a conservação das baleias-jubarte e seu ambiente, com ações de proteção, pesquisa cientifica, monitoramento de atividades, promoção da educação ambiental e da implementação de atividades sustentáveis como o turismo de observação de baleias.
“Nos locais de ocorrência das baleias o projeto implementa Espaços Baleia Jubarte, que funcionam como local de sensibilização ambiental, cultural e turístico, virando referência ambiental e atraindo visitantes para as cidades”, contou.
Segundo o coordenador, o projeto aumentou as atividades no Espírito Santo devido ao crescimento da população das baleias-jubarte por todo Estado. “Com a recuperação e aumento da ocorrência nas águas capixabas, ampliamos a pesquisa e implementamos a Observação de Baleias e o Espaço Baleia Jubarte em Vitória, que apoia todas as ações”, explicou.
Durante o período reprodutivo das baleias-jubarte, que ocorre entre junho e outubro a cada ano, Paulo afirma que as atividades de pesquisa são intensificadas. De acordo com ele, nesse período a equipe multidisciplinar de pesquisa atua nos cruzeiros e expedições de pesquisa na costa capixaba e também monitora a atividade de observação de baleias, onde em cada saída tem a presença de um pesquisador abordo.
“Nossa equipe de veterinária realiza o atendimento dos encalhes na costa capixaba, identificando a causa mortis e implementando medidas de mitigação para cada caso estudado”, destacou
O projeto atua na capacitação dos mestres de embarcações, representantes de agências e operadoras de turismo, para que nos meses de junho a outubro possa realizar os passeios da forma mais segura e com muita informação.
“É realmente um turismo de experiência pois as pessoas podem visitar o museu da baleia, conhecer o maior projeto de conservação marinha de cetáceos e embarcar com seus pesquisadores, que, além da palestra antes do embarque, promovem toda a interpretação ambiental na visita do mar”, explicou o coordenador.
Salvas da extinção

Como todas as espécies de grandes baleias, as baleias-jubarte sofreram uma imensa depredação pela caça comercial indiscriminada, que iniciou ainda no século XVIII e se estendeu, para a espécie, até os anos 1960 no Hemisfério Sul.
Estima-se que mais de 300.000 jubartes tenham sido mortas por essa prática predatória, até a proibição pela Comissão Internacional da Baleia, em 1965. No Brasil, as jubartes foram caçadas desde 1602.
Segundo a história, baleeiros noruegueses e japoneses trouxeram navios para matar as baleias que restavam em águas brasileiras, um massacre que só terminou de vez em 1985, quando o então Presidente José Sarney suspendeu a caça de baleias no país.
De acordo com Paulo Rodrigues, as baleias-jubarte foram salvas da extinção nas últimas décadas, com uma população de menos de mil indivíduos, após o período de caça, até atingirem uma estimativa de 35 mil baleias na costa brasileira, atualmente.
“Isso permitiu o resgate cultural do conhecimento e das experiências e encontros com esses animais! Com o passar do tempo, navegantes foram registrando cada vez baleias na costa do Espirito Santo e, atualmente, com o turismo de observação de baleias, qualquer pessoa pode conhece-las no mar, vivas e saudáveis”, ressaltou.
Curiosidades sobre a espécie

As baleias são mamíferos marinhos pertencentes à ordem dos cetáceos. Elas possuem corpos aerodinâmicos, adaptados para a vida aquática, com barbatanas, caudas e uma camada espessa de gordura, que as isola termicamente. São conhecidas por serem animais fascinantes, que despertam a curiosidade de muitas pessoas.
A médica veterinária do Projeto Baleia Jubarte, Samira Costa, explica algumas características interessantes sobre este mamífero. Confira:
As baleias são animais inteligentes?
Podendo ser consideradas um dos animais mais inteligentes do mundo, as baleias possuem comportamentos complexos como cooperação, cuidado dos filhotes e brincadeiras. Já foi demonstrado que elas tem a capacidade de aprender e ensinar até sotaques próprios nas vocalizações.
Como as baleias respiram?
Elas respiram como todo mamífero, por meio de respiração pulmonar. As baleias e os golfinhos tem uma peculiaridade de conseguir ter uma troca de ar mais eficiente, conseguindo esvaziar quase que completamente o pulmão, o que a possibilita ficar vários minutos submersa sem ter a necessidade de vir a superfície pra respirar.
Qual o tamanho e peso de uma baleia jubarte?
As jubarte adultas chegam a 16 metros e podem pesar em torno de 40 toneladas. Os filhotes nascem, em média, com 3,5 metros e 4,5 metros, e pesam em torno de 1 tonelada.
Os bebês jubarte mamam quantos litros de leite por dia?
Acredita-se que as jubarte mamam entre 100 a 400 litros de leite por dia.
Como é o sono das baleias?
Elas descansam diferente de outros mamíferos terrestres, descansando apenas um lado do cérebro e deixando o outro ativo.
Qual a expectativa de vida?
Acredita-se que a expectativa seja em torno de 60 anos, mas é difícil saber ao certo, pois o monitoramento no Brasil é relativamente recente, em torno de 40 anos.
Ações para incentivar a proteção das baleias

• Conheça, apoie com recursos ou seja voluntário de instituições que desenvolvem ações para monitorar, proteger e preservar as espécies de baleias;
• Pratique o consumo consciente para não exigir mais do que o necessário dos recursos naturais;
• Encaminhe os materiais recicláveis para a coleta seletiva e jamais jogue lixo na rua, em rios, nas praias e no mar;
• Respeite e apoie as Áreas de Proteção Ambiental Marinhas, que tem como objetivo garantir o desenvolvimento sustentável e a preservação de espécies marinhas.