Nesta sexta-feira (23), Vila Velha, uma das cidades mais tradicionais do Espírito Santo, completa 490 anos. A data representa mais um capítulo da história, trazendo consigo a importância de relembrar as conquistas e os desafios que refletem o cotidiano dos moradores.
Conhecida como a cidade “Canela Verde”, termo usado pelos indígenas, segundo a história, para se referir aos colonizadores que desembarcavam na região, devido às algas que ficavam grudadas nas canelas, atualmente o município é considerado a 2ª cidade mais populosa do Estado e a 47ª do Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Com uma população estimada de 467.722 habitantes, a região abriga uma população bastante diversificada, composta por famílias de diferentes faixas de renda e idades. E quando o assunto é popularidade, com 38.352 habitantes, o bairro Praia da Costa é o mais populoso da cidade, seguido de Itapuã com 31.611.
Além de serem os mais populosos, ambos entram na lista dos mais tradicionais, juntamente com a Prainha e Coqueiral de Itaparica, todos apontados como grandes referências culturais e econômicas, mantendo características de comunidades consolidadas, mas também enfrentando os desafios do crescimento urbano desordenado, especialmente no que se refere ao trânsito e à segurança.
Maior frota de veículos da Grande Vitória

De acordo com o Observatório de Trânsito de Vila Velha, a frota no município é a maior da Grande Vitória, são 278.726 veículos circulando pelas ruas da cidade, sendo os mais usados o automóvel (152.481) e a motocicleta (47.672). Esses números refletem o crescimento do transporte individual e a necessidade de melhorias na mobilidade urbana.
Diante deste cenário, a Prefeitura de Vila Velha informa que o município tem se empenhado em desenvolver projetos e implementar soluções planejadas para aprimorar a fluidez do trânsito. Os exemplos citados incluem mais ciclovias, criação de um binário (mão única) em um trecho na Rodovia do Sol, mais semáforos inteligentes, abertura de ruas e outras ações.
Principais crimes e ações de combate

Segundo dados do Observatório de Segurança da Secretaria de Estado de Segurança Pública (SESP), até o mês de abril de 2025, Vila Velha registrou 35 homicídios dolosos e um feminicídio, liderando o ranking na Grande Vitória.
Cabe destacar que estes são dois dos principais tipos de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI) e, dentro desta categoria, os bairros com maior incidência apontadas no relatório foram Cobi de baixo, Cobi de Cima, Glória, Residencial Jabaeté e São Torquato.
Ainda segundo o observatório, outros crimes mais registrados em Vila Velha este ano foram roubos, furtos e estelionato. Segundo o relatório, os bairros com maior incidência foram Praia da Costa, Itapuã e Praia de Itaparica.
Questionada sobre as ações necessárias para combater essa realidade, a Prefeitura de Vila Velha informou que tem investido pesado na ampliação da Guarda Municipal, atualmente composta por 348 agentes, sendo 65 deles ingressados em dezembro de 2023.
Os agentes atuam em diversas frentes, com rondas motorizadas, bicicletas, quadriciclos, além de pontos fixos estratégicos. Destacam-se os grupamentos especializados, como a Ronda Ostensiva Municipal (ROMU) e a ROCAM, responsáveis pelo patrulhamento mais intenso, prisões e apreensões de drogas e armas.
O município também menciona sobre a implementação da Muralha Eletrônica, sistema de cerco eletrônico que monitora toda a entrada e saída do município, reforça a vigilância 24 horas, ajudando na recuperação de veículos roubados — desde 2021, mais de 1.100 veículos foram recuperados.
Além disso, a aquisição de armas, incluindo pistolas Glock e fuzis Taurus, bem como a renovação e ampliação da frota de veículos e drones, demonstra o compromisso da administração com uma resposta rápida e eficiente. A Academia de Ensino da Guarda Municipal treinou mais de 800 agentes em cursos especializados, garantindo uma equipe preparada para atuar em diferentes situações de risco.
Crescimento no número de atendimentos na área da saúde

O sistema de saúde de Vila Velha vem apresentando crescimento no número de atendimentos. Em 2024, foram realizados aproximadamente 648 mil atendimentos nas unidades municipais, com destaque para consultas médicas, odontológicas, psicológicas e atendimento da equipe da Estratégia de Saúde da Família (ESF).
De janeiro a maio de 2025, este número já atingiu quase 180 mil atendimentos, refletindo o esforço da gestão em ampliar o acesso à saúde. Especificamente, foram cerca de 160 mil atendimentos médicos, mais de 21 mil odontológicos e quase 17 mil psicológicos nesse período.
Questionada sobre o tempo de espera para a realização de consultas e procedimentos, a prefeitura apenas informou que busca reduzir a espera por tratamentos, cirurgias eletivas e procedimentos odontológicos, fortalecendo a rede de atenção primária.
Chuvas e alagamentos

As chuvas frequentes representam um desafio constante em Vila Velha. Para enfrentar a questão, a prefeitura diz que tem investido na ampliação do sistema de drenagem e na limpeza urbana.
De acordo com o município, o Programa Alagamento Zero destina R$ 45 milhões anuais para a manutenção de canais, bocas de lobo e galerias de água pluvial, além de substituição de redes danificadas e mapeamento da microdrenagem. Na última semana, equipes retiraram 220 toneladas de lixo de canais e bueiros, demonstrando o esforço para evitar entupimentos e enchentes.
Desde 2021, importantes obras foram realizadas, incluindo a instalação de seis novas Estações de Bombeamento de Águas Pluviais (EBAPs), que agora totalizam 12 unidades em operação na cidade, reforçando o sistema de drenagem e minimizando os impactos das chuvas intensas.
O papel das bombas de drenagem na cidade
De acordo com o chefe da inspetoria do CREA Espírito Santo, Ângelo Cunha, “Vila Velha possui relevo com uma topografia peculiar, onde muitas regiões têm cotas iguais ou até inferiores ao nível do mar”. Essa característica geográfica torna o manejo das águas pluviais uma tarefa desafiadora.
Durante as chuvas, as águas que ingressam nos canais não conseguem ser direcionadas ao mar de forma eficiente, principalmente devido às marés altas que invadem os canais, dificultando o escoamento natural.
Para solucionar o problema, o município conta com estações de bombeamento equipadas com comportas instaladas a jusante. Estas comportas funcionam como barreiras que impedem que a maré invada o sistema de drenagem. Quando há marés elevadas, as comportas permanecem fechadas, bloqueando o avanço da água do mar.
Assim, as bombas são acionadas para bombear as águas provenientes das micro e macro drenagens, que chegam às estações de bombeamento por cima dessas comportas. “Esse é um projeto de engenharia bastante eficaz e crucial para Vila Velha, pois permite bombear milhares de metros cúbicos de água em um curto espaço de tempo, ajudando a evitar inundações e danos às áreas urbanas”, afirma.
Apesar da eficiência do sistema, Ângelo alerta que há fatores que podem comprometer o funcionamento das bombas, principalmente durante eventos de chuvas intensas. O primeiro deles é o escasso de lixo nos canais, causado pelo descarte indevido de resíduos por parte da população.
“Lixos como sofás, geladeiras, pneus e outros objetos são frequentemente encontrados nas grades de filtragem das estações, bloqueando o fluxo de água e impedindo o funcionamento adequado das bombas”, explica.
Outro fator importante é o assoreamento das micro e macro drenagens. As microdrenagens, compostas por tubos de concreto com diâmetros que variam de 30 cm a 1 metro, recebem as águas das ruas e as conduzem até as galerias maiores, que fazem parte da macro drenagem.
As galerias levam as águas até os canais e as estações de bombeamento. Quando há acúmulo de sedimentos, sujeira e detritos, ocorre o assoreamento, reduzindo a capacidade de fluxo do sistema e aumentando o risco de enchentes.
“A retirada de lixo sólido e o desassoreamento regular são essenciais para garantir que o sistema de drenagem funcione de forma eficiente, especialmente em períodos de chuva forte”, assegura.
Educação e segurança na rede de ensino

Em nota, prefeitura informa que a segurança nas escolas públicas de Vila Velha é prioridade do município. A administração criou o Comitê de Segurança Escolar, que envolve professores, servidores, alunos e comunidade para desenvolver estratégias de proteção.
As unidades contam com vigilantes, porteiros, câmeras de videomonitoramento e o sistema de Botão do Pânico, que garante resposta rápida acionando a Guarda Municipal em emergências.
No aspecto pedagógico, o município busca garantir o bom funcionamento das escolas, enfrentando desafios como a falta de professores em algumas unidades de ensino integral. Questionada sobre isso, a Secretaria de Educação explica que já está realizando um processo seletivo para preencher vagas em aberto, com contratações por cadastro reserva motivadas por licenças de saúde, abertura de novas turmas e rescisões de contratos temporários, que continuam sendo feitas por meio de diversos editais.
Já na questão da distribuição de uniformes e materiais escolares, quase 57 mil estudantes da Educação Infantil, Ensino Fundamental e EJA recebem uniformes e kits desde 2021, com uma cobertura de aproximadamente 99%. Este ano também foi entregue um kit para 5 mil professores.
Os uniformes incluem camisa, camiseta regata, bermuda, meia, tênis e agasalho, além de mochila de rodinhas para as crianças da educação Infantil e short-saia para as meninas. A entrega está na fase final, com previsão de atingir 100% de atendimento.
Quanto ao ensino, Vila Velha passou por uma transformação significativa, fortalecendo a alfabetização na idade certa, com formação continuada de professores, distribuição de materiais estruturados e avaliações diagnósticas.
O Programa de Avaliação Educacional (PAES) monitora o desempenho do 1º ao 9º ano, orientando ações pedagógicas. Desde 2021, o município também mantém o maior programa socioeducacional da história, o Bolsa Aluno, que investe cerca de R$ 100 milhões e incentiva a frequência e o desempenho escolar, refletindo em avanços na fluência leitora e resultados nas avaliações externas.