A dependência emocional é caracterizada pelo apego excessivo a outra pessoa, que pode ser um cônjuge, um parente ou um amigo. Apesar que estar ligada a diversos formatos de relações, é mais comum identificar o problema em relacionamentos amorosos. Você saberia diferenciar dependência emocional de amor?
De acordo com a psicóloga Elza Leite, a dependência emocional é um sintoma característico de um transtorno de personalidade dependente. Nesse transtorno, uma das principais características é quando a pessoa tem a necessidade excessiva de ser cuidada por outras pessoas, se colocando numa posição de submissão para que ela receba atenção e carinho de forma intensa.
Segundo a especialista, são sintomas da dependência emocional a possessividade e o ciúmes excessivo, a pessoa acredita ser proprietária do outro. Também é comum a crença de que a vida não tem sentido sem uma companhia, geralmente um parceiro afetivo.
“Essas pessoas tem muito medo da solidão, elas oferecem um cuidado e atenção excessiva as pessoas ao redor, principalmente quando se trata dos seus parceiros amorosos”, explicou.
Elza destacou ainda que é muito comum que indivíduos que são dependentes emocionais tenham muita dificuldade em tomar decisões. Geralmente, são pessoas extremamente inseguras, com pouca tolerância a frustrações, impulsivas e que oscilam muito o humor.
“A dificuldade em discordar das pessoas, de falar não, de se posicionar, por medo de perder o relacionamento, ser desaprovado ou rejeitado, também é muito característico”, citou
É válido destacar que, em casos mais extremos, alguns indivíduos acabam apresentando um sentimento de tristeza extremo, capaz de desencadear outros problemas, entre eles a ansiedade, insônias e até a depressão. “Em alguns casos, o paciente apresenta sintomas corporais de ansiedade. Por exemplo, a frequência cardíaca aumentada, dor muscular, vômito e falta de ar”, relatou a psicóloga.
O que deixa a pessoa vulnerável a dependência emocional?

O presente de muitas pessoas pode ser explicado pelas vivências do passado. De acordo com especialistas, grande parte dos transtornos desenvolvidos ao longo da vida possuem uma certa ligação com a infância.
Elza destacou que é comum que pessoas que não tiveram apoio de pai e mãe, não tiveram figuras de cuidado durante a infância ou sofreram algum tipo de abandono ou rejeição, desenvolvem, ao longo da vida, baixa autoestima, inseguranças e, consequentemente, a dependência emocional.
É interessante pontuar que o excesso contrário também pode prejudicar a vida do indivíduo. “Quando a pessoa é muito mimada, recebe muito cuidado, aquela famosa “super proteção”, ela também acaba desenvolvendo essa insegurança”, contou.
Segundo a psicóloga, é extremamente comum que as mulheres que não tiveram um pai presente ou nenhuma outra figura masculina durante o desenvolvimento apresentem dependência emocional dos parceiros.
É possível tratar?

Sem dúvidas, o tratamento para a dependência emocional é a terapia. Elza Leite assegura que a terapia vai ajudar a pessoa a se conhecer melhor, se fortalecer, entender onde esse sintoma apareceu, da onde veio, entre outras questões. “Ela vai fazer esse paciente voltar na infância, entender como foi a sua relação com os pais, com as figuras de cuidado e de afeto”, explicou.
Ela alertou, ainda, que, em casos mais extremos, por exemplo, quando a dependência emocional pode acabar desencadeando problemas de ansiedade ou depressão, é necessário buscar ajuda médica. “Nesses casos, a gente encaminha para um médico psiquiatra para que essa pessoa seja medicada e consiga ter uma melhor qualidade de vida”.
Amor x dependência emocional

Quem é que não gosta daquela sensação de estar apaixonado? O famoso frio na barriga e as involuntárias mãos geladas. Segundo a ciência, o amor é um estado psicológico que envolve diversos sentimentos, entre eles desejo, paixão, admiração, cuidado, respeito, persistência e vontade de ser parceiro.
O grande perigo é quando este sentimento é substituído pelo apego emocional. De acordo com a psicóloga, tal apego se assemelha a uma prisão e a necessidade excessiva que o dependente emocional possui de ser cuidado acaba sendo invasiva, sufocando o outro.
Com o tempo, o parceiro começa a perceber que dar carinho e atenção a um dependente emocional não é algo por livre demanda, mas sim por imposição por meio de chantagens e jogos emocionais.
“O amor é uma escolha. Já a dependência emocional é como se você estivesse vivendo sempre com uma obrigação de cuidar do outro e tendo que estar sempre cobrando esse cuidado”, finalizou Eliza.