A população negra continua sendo maioria no Brasil e permanece em situação de desigualdade no mercado de trabalho. Segundo dados do 2º trimestre de 2025 da Pnad Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população negra — que reúne pretos e pardos — representava 56,4% da população brasileira, o equivalente a mais de 120 milhões de pessoas. No mercado de trabalho, negros também eram maioria entre ocupados, trabalhadores formais e entre os 4 milhões de desempregados do país.
A taxa de desocupação da população negra chegou a 6,5%, acima da média nacional (5,8%). Entre as mulheres negras, o índice foi ainda maior: 8%.
Desigualdade salarial persiste no país
Os dados mostram que negros continuam recebendo menos em todas as regiões e níveis de formação. No rendimento médio nacional:
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Mulheres negras ganhavam R$ 2.264,
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Homens negros, R$ 2.849,
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Mulheres não negras, R$ 3.691,
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Homens não negros, R$ 4.835, média mais alta entre os grupos.
A diferença é expressiva:
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Mulheres negras recebiam 38,7% menos que mulheres não negras e 53,2% menos que homens não negros.
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Homens negros ganhavam 41,1% menos que homens não negros.
Mesmo quando possuem ensino superior completo, negros seguem com rendimento inferior: ganham em média 26% a 30% menos que pessoas não negras.
Informalidade atinge mais os trabalhadores negros
Os negros também são maioria entre trabalhadores informais e desprotegidos, ou seja, aqueles que não contribuem para a Previdência Social. Em vários estados e regiões, mais de 40% dos trabalhadores negros estão na informalidade.
Além disso, 33% dos cargos de gerência e direção no país são ocupados por pessoas negras, proporção bem abaixo da presença desse grupo na população.
Recorte Regional — Sudeste e Espírito Santo
Na Região Sudeste, onde está o Espírito Santo, a população negra representa 49,6% dos habitantes. Mesmo assim, também enfrenta desvantagens salariais e maior informalidade.
Rendimento médio no Espírito Santo
Os dados do IBGE mostram que o ES está entre os estados do Sudeste com menor rendimento médio da população negra.
Renda média dos trabalhadores negros (ES):
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Mulheres negras: R$ 2.185
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Homens negros: R$ 3.142
Para comparação, trabalhadores não negros no ES recebem:
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Mulheres não negras: R$ 2.577
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Homens não negros: R$ 4.320
Ou seja:
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Mulheres negras ganham 15% menos que mulheres não negras no estado.
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Homens negros recebem 27% menos que homens não negros.
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A diferença entre homens negros e não negros passa de R$ 1.100.
Desigualdade mesmo com ensino superior
Mesmo entre pessoas com diploma universitário, as diferenças persistem.
Na região Sudeste, trabalhadores negros com ensino superior ganham:
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Média de R$ 5.208,
enquanto os não negros chegam a R$ 6.940.
Diferença: -25%
Informalidade no Espírito Santo
A taxa de informalidade na população negra no estado também é elevada. No Sudeste:
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38% das mulheres negras e
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40% dos homens negros
trabalham sem carteira assinada ou sem contribuição previdenciária.
ES está abaixo da média regional em participação da população negra
O Espírito Santo possui a menor proporção de população negra do Sudeste, com 42%, atrás de:
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Rio de Janeiro — 55,1%
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São Paulo — 62%
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Minas Gerais — 59,2%
Apesar da menor presença proporcional, a desigualdade salarial e a informalidade seguem acima da média brasileira.











