No 24º dia de paralisação, os servidores públicos estaduais decidiram manter a greve por mais 30 dias. A decisão foi tomada durante uma Assembleia Geral Unificada realizada nesta quinta-feira (30), ao fim de uma caminhada que mobilizou centenas de trabalhadores e atravessou três cidades da Grande Vitória.
O ato começou em frente ao Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema), em Jardim América, Cariacica, seguiu pela Segunda Ponte, passou por São Torquato, em Vila Velha, e terminou no Palácio Anchieta, em Vitória. O trajeto, que causou lentidão em vias importantes da região metropolitana, simbolizou a insatisfação da categoria com a falta de diálogo do governo estadual.
De acordo com o Sindipúblicos, a continuidade da paralisação foi aprovada por unanimidade. A presidente do sindicato, Renata Setúbal, afirmou que a categoria segue unida, mas cobrou uma postura mais aberta do Executivo.
“O governo não deu nenhuma resposta, não chamou para conversar. As movimentações estão positivas, a categoria está unida, mas revoltada com a falta de interesse do governo”, declarou.
A principal pauta da greve é a reestruturação das carreiras do funcionalismo público. O projeto apresentado pelo sindicato em abril prevê uma reposição inflacionária média de 30% para cerca de 3,8 mil servidores ativos, com impacto estimado de 1,1% na folha de pagamento estadual.
O estudo elaborado pela entidade também propõe equiparação entre os salários dos poderes, destacando as diferenças atuais: servidores do Judiciário com carga horária de 30 horas recebem em torno de R$ 7 mil, enquanto profissionais do Executivo ganham R$ 6,9 mil para 40 horas semanais. A proposta prevê que o vencimento inicial do nível superior no Executivo chegue a R$ 9,3 mil, com reajustes proporcionais para os níveis técnico e médio.
A paralisação tem afetado diretamente áreas estratégicas da administração pública, como agricultura, meio ambiente e secretarias escolares.
Durante o ato, servidores expressaram indignação com a postura do governo e reforçaram a importância da união da categoria.
“O salário é o mesmo, mas a cobrança é cada vez maior. A gente está cansado, de saco cheio. Parece que adquirimos uma síndrome de ranço com esse governo. Ele vive dizendo que valoriza os servidores, mas estamos há 24 dias em greve e até agora não teve a decência de sentar conosco. Nada se compara à força de um grupo unido por um propósito comum”, disse o servidor Gustavo Coutinho.
Outro servidor, João Paulo Furtado, destacou a importância do funcionalismo para o bom desempenho do Estado:
“Sem servidor público, não tem Estado eficiente. Sem valorização, não tem nota A. Não adianta fazer concurso se os profissionais entram e saem por falta de reconhecimento. O governo precisa entender que a permanência depende de respeito e valorização salarial.”
Mesmo sem avanços nas negociações, os servidores afirmam que não pretendem recuar. O calendário da greve inclui novas assembleias, atos públicos e mobilizações nas redes sociais.
“A estratégia é continuar na luta, não sair das ruas até que o governo nos ouça”, afirmou Renata Setúbal.



 
                                    









