Nesta segunda (8), o mundo celebra o Dia Mundial da Alfabetização, uma data que chama atenção para a importância da educação como instrumento de transformação social e de combate às desigualdades. No Brasil, apesar de avanços, os números ainda preocupam: segundo a PNAD Contínua/IBGE, em 2024 havia 9,1 milhões de pessoas com 15 anos ou mais analfabetas no país.
Para o advogado especializado em Direito do Magistério, Amarildo Santos, a alfabetização é a base de uma sociedade mais justa. “A alfabetização é a chave que abre portas — não apenas para o conhecimento, mas para a cidadania e para a dignidade. Infelizmente, ainda vivemos em um país onde milhões enfrentam dificuldades para ler e escrever, o que perpetua desigualdades”, afirma.
Espírito Santo: índices acima da média nacional
No Espírito Santo, o cenário é mais positivo que a média nacional. Dados do Censo 2022 mostram que 94,4% da população com 15 anos ou mais é alfabetizada, colocando o estado em 9º lugar no ranking nacional. São cerca de 2,918 milhões de alfabetizados, contra 174 mil analfabetos — taxa de 5,6%, abaixo da média do Brasil (7%).
Em 2024, segundo levantamento do ES Hoje, a taxa de analfabetismo caiu para 3,9%, o menor índice desde 2016. No entanto, as desigualdades persistem: entre idosos (60 anos ou mais), a taxa sobe para 13,3%, e entre pretos e pardos, chega a 4,4%, contra 2,9% entre brancos.
Crianças alfabetizadas na idade certa
O Espírito Santo também se destaca no esforço para garantir alfabetização na infância. Em 2024, 71,7% das crianças da rede pública estavam alfabetizadas ao final do 2º ano do ensino fundamental, superando a meta nacional de 60% e colocando o estado entre os cinco melhores do Brasil.
Na capital, Vitória obteve destaque: 73,2% das crianças alfabetizadas até os 7 anos, a 2ª melhor marca entre todas as capitais brasileiras, atrás apenas de Fortaleza.
Desafios e políticas públicas
Apesar dos avanços, ainda há municípios com índices preocupantes. Em cidades como Mucurici, Água Doce do Norte, Brejetuba, Ecoporanga e Mantenópolis, o analfabetismo ultrapassa os 13%. Já municípios da Grande Vitória, como Vitória (97,7%), Vila Velha (97,4%) e Serra (96,1%), estão entre os melhores resultados do estado.
Programas como o Pacto pela Aprendizagem no Espírito Santo (PAES) e o Compromisso Nacional Criança Alfabetizada, em parceria com o MEC, têm sido fundamentais para a evolução, por meio de investimentos em capacitação de professores, gestão escolar, incentivo à leitura e digitalização do ensino.
Para Amarildo Santos, é urgente valorizar e fortalecer a educação pública.
“A alfabetização de qualidade não pode ser privilégio de poucos, mas um direito de todos. É preciso garantir infraestrutura, material pedagógico adequado e políticas públicas eficazes. Um país que não cuida da educação básica compromete o próprio futuro”, alerta.
Mais que ler e escrever: um direito humano
O advogado ressalta ainda que a alfabetização vai além do simples ato de decodificar letras. “O conhecimento é a verdadeira liberdade. Negar o acesso a ele é perpetuar a exclusão. Alfabetizar é abrir portas, ampliar horizontes e transformar vidas”, conclui.