Com a nova lei Federal 15.100, que proíbe o uso de celulares durante as aulas, recreios e intervalos no ensino básico infantil, fundamental e médio, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em janeiro desse ano, deixou os pais preocupados.
É que no período das férias escolares, crianças e adolescentes ficaram com as telas liberadas e agora com a volta das aulas, o desafio é ajudar as crianças e adolescentes a se adaptarem à redução do uso de telas, como celulares e tablets.
Muitos pais deixam que seus filhos usem o aparelho para acompanhar o trajeto escolar, se comunicar com o filho. Mas uma preocupação ainda maior merece atenção. Os filhos ficaram com as telas nesse período e agora, é preciso focar nas aulas e novas matérias do ano escolar.
Com o retorno às aulas, muitos pais e responsáveis enfrentam o desafio de ajudar crianças e adolescentes a se adaptarem à redução do uso de telas, como celulares e tablets. Essa transição pode gerar sintomas de abstinência e dificuldades comportamentais.
O psicólogo clinico Ramon Barros explica que os pais devem dar o exemplo nessa questão, para estimular a mudança nos filhos. “Se os pais não largam as telas, os filhos terão mais dificuldades em largar o hábito, é preciso combinar em família, fazer uma transição gradual, para que crianças e adolescentes consigam lidar melhor com a nova norma nas escolas”, destacou.
Ainda de acordo com o profissional, os pais devem ser criativos na hora de estimular os filhos a ficarem sem as telas. “Não é tarefa fácil, mas é preciso incentivar os filhos para terem esse tempo. Uma forma de fazer isso é criar a hora da família, onde todos se reúnem, sem tela nenhuma, para conversar falar sobre o dia, o que fizeram na escola, que são informações muito importantes para pais e filhos, porque faz parte da função dos pais acompanhar o andamento da vida dos filhos”, alertou.
A formação do cérebro humano vai até os 20, 21 anos. Nesse período, a exposição excessiva pode ser prejudicial e causar muitos problemas como ansiedade, estresse, dificuldade para dormir, etc. Se essa exposição é nociva para adultos, imagine crianças e adolescentes que ainda estão em formação?
“É devastador deixar as crianças o tempo todo em telas. Priva elas da infância, de ser criança, correr, brincar, jogar bola, brincar com carrinho, boneca, de correr na rua, de correr de bicicleta, enfim”, afirmou.
Benefícios de desconectar
O especialista explica ainda que os pais devem explicar o motivo da mudança e não proibir autoritariamente, para que a criança e adolescente entenda que o intuito é ajudar. “Mostrar o benefício com relação ao sono, que melhora o raciocínio, desempenho, e o seu humor. Para quem tem ansiedade, o uso indiscriminado das telas estimula muito mais e acaba potencializando os sintomas”, disse.
Então, é explicar como é que o celular pode ser uma distração, como é que prejudica a concentração no aprendizado na escola e dar exemplos mesmo de como estar presente em cada momento melhora aí a percepção das coisas.
“Um exemplo é chamar os filhos para dar uma volta, deixar o celular de lado? Olha como é que a gente, sem preocupar em tirar foto e ficar o tempo todo conectado, consegue apreciar melhor o ambiente, cores, texturas, cheiros, temperatura, o contato com a natureza, por exemplo. Então é preciso dar esses exemplos”, destacou.
O psicólogo afirma que é preciso ficar atento a essas situações para evitar que a permanência com as telas se transforme em vício. “O vício impede que o indivíduo tenha conexão social, qualidade de vida, se alimente, faça higiene pessoal, porque o vício toma conta da sua vida. Nesse momento, um profissional deve ser consultado. “Tem que procurar terapia, para entender o que esse vício quer dizer, entender porque que chegou a esse nível porque ninguém chega num vício desde da noite para o dia”, afirmou.
“Tem que entender o que foi que levou para esse tipo de vício em telas, por exemplo. E paralelo a isso, inevitavelmente, a gente tem outras ramificações dos vícios em tela, o vício em pornografia, em jogos, tudo ligado aí à tecnologia”.