Sem Bíblia não há Reforma: um texto para cristãos evangélicos,
por Jorge Rodrigues Neto*
Hoje, dia 31 de outubro, comemoramos a chamada Reforma Protestante, um movimento que, embrionariamente, precedeu ao então Monge Católico Romano Martinho Lutero, com figuras notáveis como João Huss e Ulrico Zuínglio. A Reforma foi consolidada depois de Martinho Lutero por notáveis como Filipe Melâncton, João Calvino, Francesco Gomaro e Teodoro de Beza (lembrando que o objetivo aqui não é citar todas as importantes pessoas que participaram direta ou indiretamente da Reforma Protestante).
A grande questão desse movimento, a priori, não foi propor uma ruptura com a Igreja Romana, mas que as Sagradas Escrituras (Bíblia Sagrada) voltassem a ocupar o lugar devido na história do Cristianismo (com o tempo, os dogmas e tradições da Igreja foram colocados no mesmo nível ou acima da Bíblia). O retorno à Palavra de Deus seria a resolução de todos os desvios, corrupções, idolatrias e heresias por quais parte da igreja proeminente da época, infelizmente, havia se imiscuído. Seria o retorno aos valores e princípios deixados pelos Apóstolos e pelos chamados Pais da Igreja; seria o retorno à vontade do Senhor da Igreja, que é Jesus Cristo. Retorno, portanto, à ortodoxia.
O que mais aprendo com tudo o que eu poderia citar aqui sobre a Reforma ou seus multi efeitos colaterais positivos (tais como liberdade de expressão e de pensamento, reconhecimento do ser humano enquanto indivíduo, liberdade religiosa, social, econômica e política, liberdade científica e avanço da ciência, estado laico, princípios basilares dos direitos humanos modernos, valores embrionários do estado democrático e de direito moderno, dentre muitíssimos outros efeitos colaterais positivos da Reforma), é que todas as vezes que a Igreja de Cristo se afasta das Sagradas Escrituras e coloca outras coisas no lugar ou no mesmo patamar da Bíblia Sagrada, mergulhamos em um abismo sem precedentes.
Todas as vezes na história que a Igreja se afastou da Bíblia Sagrada e se ancorou apenas em dogmas e tradições meramente humanas (não que as tradições e os dogmas não sejam importantes, mas eles não são Palavra de Deus), ela submergiu em corrupção, em idolatria, em imoralidade e em toda sorte de heresias.
Retorno à base da Reforma: Sola Scriptura
Nesse tempo de comemoração da Reforma Protestante, é tempo de o povo evangélico do Brasil e suas lideranças retornarem para o “Sola Scriptura” (Somente as Escrituras – princípio central da Reforma). É tempo de revermos conceitos e valores que estão longe daqueles preconizados na Santa e Imutável Palavra de Deus/Bíblia Sagrada.
Nesse sentido, a Igreja Protestante brasileira precisa sempre se reformar, sempre lembrando que “reformar” não significa criar ou enveredar-se por nada “novo” e muito menos querer “modernizar” a Igreja a qualquer custo (nada disso é necessário).
É claro que precisamos sempre buscar o equilíbrio/diálogo entre Evangelho e cultura, de maneira que possamos apresentar uma mensagem relevante para a vida das pessoas, que fará parte não só de suas crenças subjetivas, mas, principalmente, do seu cotidiano (Evangelho é transformação e vida), apresentando um Evangelho que englobe toda a pessoa com suas mais variadas necessidades. Isso, sem deixar em momento algum de buscar ser o povo fiel ao Deus imutável, dentro de uma cultura humana que muda de tempos em tempos.
Precisamos apresentar para a comunidade à nossa volta o Cristo Imutável do Evangelho imutável, que ama, que acolhe, que perdoa, que cura, que liberta, que não faz acepção de pessoas, sem jamais deixar de pregar as verdades inexoráveis do arrependimento de pecados e da verdadeira conversão, sem os quais ninguém poderá ser salvo da condenação do inferno.
Que continuemos a Reforma até a volta de nosso Senhor.
Sola Scriptura (somente a Bíblia), Solus Christus (somente Cristo), Sola Gratia (somente a Graça), Sola Fide (somente a Fé), Soli Deo Gloria (somente a Deus a glória). Amém!
“A Tua palavra é lâmpada que ilumina os meus passos e luz que clareia o meu caminho. (Salmo 119:105, Bíblia Sagrada)
*Jorge Rodrigues Neto é Pastor, serve na Primeira Igreja Batista da Cidade da Serra-ES, Teólogo, Especialista em Direitos Humanos e Servidor Público Efetivo