O Espírito Santo registrou, em 2023, a maior taxa de mortes atribuíveis ao álcool do Brasil, segundo análise do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA), com dados do Datasus e do IBGE. Os números, divulgados em um relatório estadual, mostram que o consumo abusivo de bebidas alcoólicas segue como um dos principais problemas de saúde pública no território capixaba.
Mortes aumentaram 8,4% em um ano
Foram 1.915 mortes relacionadas ao álcool no Espírito Santo em 2023. Desse total, 1.483 eram homens (77,6%) e 431 mulheres (22,5%). Em comparação com o ano anterior, houve alta de 8,4%.
A taxa estadual chegou a 47 mortes por 100 mil habitantes, a mais alta entre todas as unidades da Federação.
Quem mais morre por causa do álcool?
A maior parcela das mortes ocorreu entre pessoas com 55 anos ou mais, que representaram 50,3% dos óbitos. A faixa de 35 a 44 anos aparece em seguida, com 26,7%. Jovens de 18 a 34 anos somam 19,9%, e crianças e adolescentes até 17 anos, 2,6%.

Principais causas de morte
Entre as causas diretamente associadas ao álcool, destacam-se:
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Cirrose hepática – 29,6%
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Acidentes de trânsito – 24,1%
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Violência interpessoal – 16,7%
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Doenças cardíacas isquêmicas – 6,4%
Os dados reforçam que os impactos vão além de doenças crônicas, envolvendo também violência e acidentes.
Internações
Além das mortes, o estado também apresenta números elevados de internações. Em 2024, o Espírito Santo registrou 10.963 hospitalizações relacionadas ao consumo de álcool, um aumento de 10,2% em relação ao ano anterior.
A taxa foi de 267 internações por 100 mil habitantes, a segunda maior do país.
Perfil dos internados
Assim como nas mortes, os homens são maioria: 70,2% dos hospitalizados. As mulheres representam 29,8%.
As internações se distribuíram por faixa etária da seguinte forma:
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55 anos ou mais – 34,2%
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35 a 44 anos – 30,7%
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18 a 34 anos – 27,6%
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0 a 17 anos – 7,4%
Causas das internações
Entre os principais motivos:
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Quedas – 51,0%
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Acidentes de trânsito – 17,3%
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Outras lesões não intencionais – 8,3%
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Cirrose hepática – 6,4%
As quedas aparecem como a principal causa, indicando associação com intoxicação aguda e perda de coordenação motora.
Cenário preocupa especialistas
Os dados mostram um agravamento do cenário no Espírito Santo, tanto nas mortes quanto nas internações por causas relacionadas ao consumo de álcool. Especialistas alertam que o aumento consistente indica falhas na prevenção, na redução de danos e no acesso a cuidados especializados para dependência química.
O relatório reforça a necessidade de políticas públicas voltadas para saúde mental, campanhas de conscientização e estratégias de combate ao alcoolismo — um problema que segue tirando vidas, sobrecarregando hospitais e afetando famílias em todas as regiões do Estado.











