Mulheres grávidas e puérperas denunciaram, no início desta semana, uma situação delicada e preocupante no Hospital Municipal Materno Infantil da Serra. Vídeos que circulam nas redes sociais mostram as pacientes sentadas no chão aguardando para realizar exames de ultrassonografia.
Segundo relatos, o serviço é limitado: apenas 20 senhas são distribuídas por dia, o que faz com que pacientes cheguem ao hospital ainda de madrugada para tentar garantir atendimento. Como o exame não é oferecido 24 horas, muitas mulheres acabam passando o dia inteiro no local.
Uma mulher que teve bebê recentemente e preferiu não se identificar contou ao ESHOJE que esperou 12 horas para ser atendida.
“Ninguém dava nenhuma explicação, tivemos que ficar lá sentadas no chão do corredor esperando, com dor, com fome, com sede. Eu cheguei lá 6h da manhã e só fui chegar em casa depois de 18h. Só conseguimos atendimento depois que começamos a gravar e a fazer barulho, reivindicando nossos direitos”, relatou.
Ela afirmou ainda que a médica responsável pelos exames chegou ao hospital por volta das 10h, mas só iniciou os atendimentos uma hora depois — priorizando apenas as pacientes internadas. As demais mulheres que aguardavam desde cedo permaneceram na fila sem informações.
“Uma moça chegou com hemorragia e precisou ficar lá sentada no chão esperando, e ninguém dava explicação de nada”, disse.
De acordo com as denúncias, há também casos de falta de preparo técnico entre os profissionais que realizam os exames. “Uma gestante teve que voltar para casa chorando porque o médico não sabia fazer o tipo de ultrassom que ela precisava”, contou a mulher.
“Falou que minha filha ia ter microcefalia”
A mulher entrevistada pelo ESHOJE disse ainda que a situação não é nova e relatou episódios anteriores de mau atendimento e diagnósticos incorretos.
“Não são todos os médicos que tratam a gente bem lá e nem todos são especialistas no que fazem. Uma médica que já me atendeu chegou a dizer que a marca da minha cesárea era uma deficiência e que eu teria que aceitar e conviver com isso pra sempre. Já outra, quando eu ainda estava grávida, disse que minha filha ia ter microcefalia. Eu saí de lá chorando, desesperada, mas resolvi fazer um exame pago em outro lugar e o resultado foi completamente diferente, não deu nada! Minha filha está hoje aqui nos meus braços, sem problema nenhum”, afirmou.
“Eu tive minha filha no hospital e, graças a Deus, correu tudo bem. Fui muito bem atendida no dia do parto, existem bons profissionais lá, mas tem alguns que realmente precisam ser revistos. Tem gente lá que nos trata como se a gente fosse animal”, concluiu.
O que diz a prefeitura
Em nota, a Secretaria de Saúde da Serra, responsável pelo hospital disse que a unidade tem “compromisso com uma assistência humanizada, segura e de qualidade às gestantes e crianças atendidas”.
“Referência no cuidado materno e infantil, o hospital atua de forma contínua para garantir conforto, acolhimento e atendimento resolutivo aos pacientes e seus acompanhantes. É importante ressaltar ainda, que o setor de ultrassonografia realiza exames conforme a prioridade clínica e a solicitação médica, seguindo critérios técnicos e assistenciais”, pontua.
O município disse ainda que, diante das informações veiculadas sobre o atendimento na unidade, a secretaria da Saúde da Serra e o HMMIS está apurando internamente os fatos para esclarecer as circunstâncias relatadas. “O hospital destaca que situações isoladas não refletem sua rotina de cuidado, pautada pela ética e pelo compromisso com a população serrana”, finaliza.



 
                                    









