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Um procurador, um desembargador, dois deputados e dois secretários negros no Espírito Santo

20 de novembro, dia da Consciência Negra, mas uma data que muitos ainda não entendem com o valor que tem. Isso justifica, inclusive, que em 2024, pela primeira vez, tenha se tornado feriado nacional – e muitos calendários sequer incluíram na relação. A data convida a refletir sobre a história da população negra no Brasil, marcada por séculos de escravidão, resistência e luta por igualdade.

Para profissionais negros no serviço público, como o procurador do Ministério Público de Contas do Estado do Espírito Santo (MPC-ES), Luis Henrique Anastácio da Silva, essa data também é um momento para avaliar as conquistas e os desafios enfrentados ao longo da carreira, especialmente no serviço público que ainda carrega marcas do racismo estrutural.

O servidor é o primeiro negro a ocupar o cargo no MPC capixaba e segue sendo o único entre os três procuradores. O órgão é auxiliar do Tribunal de Contas (TCE-ES), onde entre os sete conselheiros, não há negros.

No Tribunal de Justiça capixaba não há no pleno um desembargador negro, enquanto no Executivo estadual apenas dois secretários de pele preta: Coronel Jocarly Martins de Aguiar Junior, da Casa Militar, e Jaqueline Moraes, da secretaria da Mulher. No poder Legislativo estadual outros dois, que são os deputados Camila Valadão e Zé Preto.

Para o procurador Luis Henrique, o Dia da Consciência Negra é uma data que vai além de uma simples comemoração. Ele reflete sobre a luta contínua pela igualdade racial e sobre as dificuldades que ainda existem, especialmente para a população negra.

“A importância do Dia da Consciência Negra é imensa. Ele simboliza a luta de um povo que foi escravizado por mais de 300 anos e que ainda enfrenta diariamente o racismo e as desigualdades. Para nós, negros, esse dia é uma lembrança de que precisamos continuar lutando por um futuro mais justo e digno”, ressalta. 

O procurador também aponta que a representatividade negra ainda é um grande desafio no serviço público, especialmente em áreas de poder, como o Judiciário. Ele observa que, apesar de avanços como as políticas de cotas, a população negra ainda enfrenta inúmeras dificuldades. “Embora as cotas sejam uma importante ferramenta de inclusão, elas não são suficientes por si só. A questão é mais profunda e envolve a eliminação de barreiras estruturais que impedem o acesso dos negros a cargos de poder”, destaca. 

Ele cita como exemplo o fato de nunca ter existido uma desembargadora negra no Tribunal de Justiça do Espírito Santo, o que reflete a ausência de negros em posições de liderança dentro das instituições públicas.

Ao refletir sobre sua trajetória, o procurador reconhece que, apesar das dificuldades enfrentadas, é importante que jovens negros vejam exemplos de pessoas que conseguiram superar obstáculos e alcançar seus objetivos.

“Não me vejo como uma grande inspiração, mas acredito que posso, de alguma forma, contribuir para que mais pessoas negras ocupem espaços no serviço público e em áreas de liderança. Para mim, exemplos como Martin Luther King, Nelson Mandela e, mais recentemente, figuras como as deputadas Erika Hilton e Benedita da Silva, são grandes inspirações”, afirma. 

Ele também menciona os desafios enfrentados por figuras negras contemporâneas, como o jogador Vinícius Jr., que, apesar das críticas racistas, continua a se destacar em sua carreira.

Para ele, ações concretas são necessárias para romper as barreiras estruturais que ainda impedem a plena participação da população negra nas instituições públicas. e todos é que conseguiremos um Brasil mais inclusivo e igualitário para as futuras gerações”, conclui.

Thauane Lima
Thauane Lima
Bacharel em Jornalismo pela UFES

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