A artista e educadora Natalie Mirêdia inaugura, sexta-feira (14), a exposição Murundu na Estação Ferroviária de Vargem Alta. Ela reúne performances, objetos e proposições que atravessam o corpo, o ensino e a criação compartilhada.
Mestre em Artes Visuais pela Escola de Comunicações e Artes da USP (ECA-USP), Natalie constrói uma trajetória que desafia fronteiras geográficas e simbólicas. Sua pesquisa em Teoria e História da Arte Moderna e Contemporânea se entrelaça a práticas performativas e pedagógicas que convidam o público à experiência direta com o processo criativo.
Em Murundu, o público é convocado a participar de debates, não como espectador, mas como parte constitutiva da obra de arte. “A performance se completa com as percepções e reações das pessoas. É o público que gera novas reflexões dentro da minha pesquisa”, diz Mirêdia.
As ações propostas tocam temas contemporâneos como a vivência feminina, a violência e a natureza, sempre em chave poética.

Com performances que partem de experimentações com materiais contrastantes — do universo infantil e feminino, como bonecas, a objetos cortantes e industriais, como serras — ela investiga o limite entre agressividade e delicadeza.
Na exposição essa tensão ganha novas camadas ao se conectar com a paisagem de Vargem Alta. “Também me interessa a relação corpo-natureza e a criação de intervenções temporárias no espaço. É um gesto de escuta do território”, explica a artista. O título da mostra remete a pequenas elevações de terra — formações que, para Mirêdia, simbolizam tanto o obstáculo quanto a sementeira, o acúmulo fértil da experiência.
Arte, corpo e criação compartilhada
Natalie Mirêdia atua entre o corpo e o pensamento, entre o gesto e o aprendizado. Educadora e produtora, investe na arte como campo de encontro e partilha — uma perspectiva que dá forma à mostra Murundu, concebida como território de experimentação, onde a vulnerabilidade e a resistência dialogam em igual intensidade.
“Ele suscita questões sobre a fragilidade da matéria”, afirma.

A atuação de Natalie no ensino de arte é parte indissociável de sua prática. “Aprendo diariamente o valor da partilha como método e da performance como linguagem”, afirma.
Nos últimos anos, Natalie tem estruturado sua produção a partir do embate entre fragilidade e agressividade — tanto nos materiais utilizados quanto na própria performance. “Gosto de tensionar esses opostos até que revelem uma experiência sensível, que se materializa no objeto artístico”, explica.
Por Giuliano de Miranda











