O Espírito Santo deve sentir nos próximos meses o impacto da alta prevista de até 15% no preço do café. O aumento é consequência de fatores climáticos, custos de produção e demanda crescente, mas, segundo especialistas, também representa uma oportunidade para o fortalecimento da produção local e geração de renda no interior do estado.
A indústria brasileira projeta a elevação devido a uma combinação de fatores internacionais e nacionais. Segundo o economista Vaner Corrêa a oferta global tem sofrido restrições em razão do clima e de problemas logísticos nas principais regiões produtoras.
Além disso, custos de matérias-primas, energia e transporte pressionam os preços internos, enquanto estoques globais baixos reduzem a disponibilidade para arbitragem, aponta o especialista.
No Espírito Santo, o cenário deve gerar incremento na renda agrícola e fortalecer a economia regional. Vaner afirma que o café funciona como âncora de atividade e emprego no interior, sustentando exportações e arrecadação fiscal. “O estado deve registrar preços médios acima de R$ 1.400 por saca e demanda externa firme”, completa.
Para o presidente do Sindicato da Indústria do Café do Estado do Espírito Santo (Sincafé-ES), Egídio Malaquini, o reajuste é necessário para cobrir custos que vêm se elevando nos últimos meses. Ele destaca que a instabilidade da oferta e fatores climáticos recentes afetaram a produção, exigindo tempo para que as plantas se recuperem.
“Esse reajuste se faz necessário para cobrir os custos da matéria-prima e outros que têm alterado nos últimos meses. Ainda não é o ideal, mas sabemos que o café tem impactado o dia a dia dos consumidores nos últimos dois anos”, explica.
Malaquini também aponta que a falta de mão de obra qualificada é um dos maiores desafios da cadeia produtiva. Com menos profissionais disponíveis e salários mais altos, a produção fica comprometida e os custos se elevam. Apesar disso, ele afirma que o momento é de otimismo entre os produtores.
“O preço elevado melhora o comércio e o desenvolvimento do interior do estado”, observa.
Outro fator que contribui para a alta é o crescimento da demanda mundial, que, aliado à oferta limitada, pressiona os preços. Segundo Malaquini, o Espírito Santo tem condições de aproveitar esse cenário para investir em tecnologia e pesquisa, fortalecendo ainda mais a produção local.
Para Corrêa, o estado pode potencializar ganhos com exportações e produtos premium. “O Espírito Santo pode acelerar contratos de exportação, qualificar lotes premium e ampliar produtividade com irrigação e governança. A coordenação entre Incaper, Seag e cooperativas será fundamental para consolidar o conilon capixaba nos mercados europeu e asiático”, afirma.
Panorama nacional

No panorama nacional, a alta de até 15% reflete a combinação de fatores climáticos, logísticos e cambiais que pressionam toda a cadeia produtiva, do campo ao varejo.
Apesar da inflação do café medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ( IBGE) ser de quase 40% no acumulado do ano, o reajuste ocorre após dois meses consecutivos de queda nos preços.
No período de janeiro e agosto deste ano, as vendas de café acumularam queda de 5% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados divulgados pela Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic).
De acordo com a Abic, o setor atravessa um período de recomposição de margens após quase dois anos de custos elevados e lucro comprimido. No varejo, a expectativa é de repasses graduais ao consumidor, com efeitos perceptíveis ainda neste fim de ano.











