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Diversidade nas redações humaniza a informação

A diversidade nas redações dos veículos de comunicação tem humanizado as informações que a população consome. Um exemplo disso foi a recente repercussão nacional do caso da menina de apenas 10 anos, de São Mateus, que precisou entrar na justiça pelo direito ao procedimento do aborto, após ter engravidado por consequência de abusos.

Uma redação diversificada, que foge da predominância masculina e branca, é muito importante para a geração de debates e diferentes pontos de vista sobre o tema. Em um caso como esse, é importante a presença de mulheres que se identifiquem com a pauta relacionada ao assédio, para não colocar o furo jornalístico acima da integridade, segurança e privacidade da vítima.

O ESHOJE tem uma equipe com 67% de mulheres na redação. A diretora de redação, Danieleh Coutinho, destaca a importância do olhar feminino no jornalismo. “O jornalismo sempre teve o olhar masculino predominante, por isso é importante uma equipe jovem e diversa como a nossa, que represente um pedacinho da sociedade”.

“Precisamos estar perto da população para falar sobre ela, respeitando a diversidade”

Danieleh Coutinho, diretora de redação do Jornal ESHOJE

Para ela, a condução das mulheres na cobertura do caso da criança vítima de abusos foi essencial. “Temos uma facilidade maior em nos colocar no lugar no outro, em desenvolver a empatia. Esse cuidado e o respeito são naturais, nos aprofundamos mais em casos como esse. Já o homem é mais prático. É uma questão cultural”.

Apesar de uma equipe majoritariamente feminina, o jornal é conduzido por Carlos Roberto Coutinho, o que, para a editora, traz um equilíbrio. “A condução da empresa por um homem  traz a experiência dele, equilibrada com a direção das filhas – tanto eu quanto Bianca -, que podemos levantar o ponto de vista das mulheres”.

Danieleh destaca ainda a importância de criar um ambiente confortável para a equipe trocar experiências. “A gente precisa ter esse cuidado com as pessoas. Eu venho de uma camada privilegiada da sociedade. Por isso é importante que eu possa, juntamente com a equipe, vivenciar a experiência de se colocar no lugar no outro, abrindo um espaço de diálogo”.

A diretora de marketing, Bianca Coutinho, destaca que a diversidade da equipe foi um processo natural. “Trabalhar com gente sempre foi meu perfil. Nossa empresa é familiar, tivemos uma criação patriarcal. Os debates na redação fizeram perceber que somos uma empresa diversa. Mesmo vindo de uma criação tradicional, não deixamos isso influenciar em nossa editoria”.

Bianca acredita que sendo mulher, o olhar diversificado ajudou na seleção dos profissionais. “Buscamos profissionais capazes de assumir a função, que integre os valores da empresa e vistam nossa camisa. A diversidade foi uma consequência que trouxe mais inovação e criatividade para a redação”.

Foi com a iniciativa dos funcionários que foi criada a editoria ‘Diversidade’, durante dois anos. “Um fotógrafo que trabalhou com a gente trouxe a ideia para dar mais voz à diversidade sexual e de gêneros. A editoria ganhou um destaque no jornal impresso, enquanto era o carro chefe da empresa, mostrando as dificuldades da comunidade LGBTQI+ na sociedade capixaba”.

Segundo ela, isso ajudou a naturalização e inclusão de novas pautas dentro do jornal. “Hoje não precisamos mais de uma editoria específica, pois se naturalizou a abordagens de pautas que contemplem o tema”.

O editor do jornal digital, Gustavo Gouvêa, acredita que a diversidade da equipe colabora para maior qualidade do conteúdo. “Mulheres e homens tem diferentes pontos de vista, que trazem um diferencial para o jornal. A mulher é mais detalhista e tem uma sensibilidade maior que conseguem fazer com que o leitor entre nas matérias. Nós, homens, temos uma leitura mais ampla”.

Um ponto importante destacado por ele é a diversidade ideológica da equipe. “São pessoas vindas de contextos diferentes e cada uma traz uma perspectiva que só enriquece o conteúdo das matérias que produzimos”.

Thais Rossi é uma das editoras da redação multimídia e traz a reflexão sobre o lado positivo e negativo dessas convergências. “Desde a faculdade discutimos que não existe imparcialidade no jornalismo, portanto as convergências e diferentes pontos de vistas vão existir. Só não podem sobrepor o valor jornalístico. A diversidade constrói diferentes ideias e é importante, durante esse momento polarizado, trazer pluralidade ao leitor, para que ele possa ter uma visão ampla dos assuntos”.

Levar o debate ao público

Quem consegue ter essa percepção dos leitores, é a equipe de social mídia. Para Yuri Lisboa, o feedback mostra o alcance e percepção dos leitores de ESHOJE sobre os temas abordados. “Temos um conteúdo variado, e isso nos permite alcançar um tipo de público diverso. Percebo que o conteúdo das matérias publicadas consegue levar o debate ao leitor com opiniões diversas e diferentes pontos de vista”.

A repórter Sara Oliveira, reforça a importância da representatividade dentro das redações. “Meu lugar de fala como mulher negra contribui para que mais pessoas sejam vistas, e que, além do acesso às informações, elas tenham vozes que sejam ouvidas. A diversidade contribui para que mais leitores sejam contemplados pela notícia”.

O ESHOJE conta com a única mulher cinegrafista da Grande Vitória, e para Bárbara Greco, a ocupação dos espaços é essencial para a pluralidade da informação. “A mulher sensibiliza o olhar da notícia. Quando chego às coletivas percebo ainda uma estranheza, pois as pessoas não estão acostumadas com mulheres em profissões antes consideradas masculinas”.

Diversidade nas redações humaniza a informação
O programa Som Daqui dá destaque à cultura capixaba Foto: Gabriel Gomes

Além disso, ela também é cantora. E com a profissão, consegue trazer um olhar para a cultura capixaba. “As duas profissões são complementares, e assim consigo trazer um pouco da realidade artística e do novo cenário musical capixaba para o público do ESHOJE. Inclusive abrindo um espaço com o programa ‘Som Daqui’ que valoriza a musica autoral do Espírito Santo”.

Para o repórter Matheus Passos a diversidade nas redações é essencial para alcançar lugares invisibilizados pela sociedade. “A mídia tradicional não dá espaço para contemplar todos os espaços, a diversidade nas redações ajuda a abrir esse olhar. É equivocado quando dizem que as minorias não tem voz, porque elas têm, só precisam ser ouvidas”.

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