O caso da adolescente acusada de matar o irmão a facadas no último sábado, 22, em Serra, chamou a atenção da população, por ser um crime contra um membro da família, pela idade da vítima e a suposta motivação. De acordo com vizinhos da família, a adolescente sofre de transtornos mentais, como bipolaridade e esquizofrenia. E por isso, teria tentado contra a vida do irmão durante um surto psicótico.
A situação joga luz sobre um problema de saúde que afeta anônimos e famosos – como Mel Gibson, Mariah Carey, Demi Lovato, Cassia Kis e Jean Claude Van-Damme. Van-Damme, por exemplo, chegou a ser filmado reagindo agressivamente com a esposa, que não se manifesta porque sabe do problema. No vídeo ele fala alto com ela, sai e em seguida retorna a abraça e chora.
Mas, como podemos identificar esse transtorno? A psicóloga Keli Lopes destaca que transtorno afetivo bipolar é, comumente, confundido com depressão. Contudo, o comportamento dita a diferença. “O Transtorno Afetivo Bipolar é considerado um transtorno de humor, assim como a depressão, e é frequentemente confundido com ela. Por vezes o paciente inicia o tratamento como uma depressão, mas durante o acompanhamento pode apresentar uma fase de mania, que inclui comportamentos expansivos e exagerados. Neste caso, exclui-se a hipótese de depressão”, afirmou.
Os sintomas pode ser confundidos com tensão pré-menstrual, por exemplo, onde as mulheres têm uma alteração de humor, ou pode ser considerado um cansaço, para quem tem dupla e até tripla jornada de trabalho, estudo e outros afazeres. No Transtorno Afetivo Bipolar, temos alterações extremas de humor, energia e níveis de atividade.
“Essas oscilações podem variar em episódios de mania ou hipomania, que se caracterizam por uma elevação do humor, impulsividade e hiperatividade e entre episódios de depressão, com falta de energia e perda do interesse por atividades. Uma pessoa pode passar algumas semanas ou meses em mania e depois alternar para um quadro depressivo por mais algumas semanas ou meses”, destacou a psicóloga.
A especialista ressalta que nem toda alteração é o transtorno, todos podem sofrer uma ou outra alteração, mas é importante observar. O diagnóstico é feito a partir do relato do paciente no contexto clínico. Pode ser feito por um psiquiatra ou psicólogo.
Tratamentos
Uma vez identificado o problema, existem medicamentos para controle dos sintomas que são receitados por médicos psiquiatras. A psicoterapia também é fundamental para auxiliar o paciente na regulação emocional. De acordo com a especialista, há indícios de que o Transtorno Afetivo Bipolar tem uma base genética, que predispõe mais algumas pessoas em detrimento de outras.
“Não há como garantir a prevenção total, mas cuidados com a saúde mental de uma forma geral podem ajudar como gerenciamento de stress, meditação, psicoterapia e exercícios físicos, além de uma boa higiene do sono, mantendo uma rotina de sono regular, evitar abuso de substâncias psicoativas e uma boa alimentação”, destacou.
Para pessoas que já são predispostas, o abuso de substâncias psicoativas e uma rotina desregulada podem desencadear sintomas, assim como eventos importantes ou impactantes na vida também podem abrir um quadro. Recomenda-se que pessoas que já tem casos na família devam ter atenção extra aos cuidados com saúde mental.
O ator e diretor Mel Gibson, disse em um programa de TV americana que o gatilho para o transtorno foi o divórcio. O cantor Lucas Lucco afirmou em entrevista que desde os 10 anos tem os sintomas e que está ligado a genética dele.