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25 de maio de 2025
domingo, 25 de maio de 2025
Pedro Valls Feu Rosa
Pedro Valls Feu Rosa
Desembargador do Tribunal de Justiça do Espírito Santo desde 1994. Programador de computadores, autor de diversos “softwares” dedicados à área jurídica, cedidos gratuitamente a diversos Tribunais do Brasil. Articulista de diversos jornais com artigos publicados também em outros países, como Suíça, Rússia e Angola.
A opinião dos colunistas é de inteira responsabilidade de cada um deles e não reflete a posição de ES Hoje

O cotidiano

Amanheceu. Está um lindo dia. O sol azul brilha no céu amarelinho e os passarinhos pulam de galho em galho enquanto as crianças brincam alegres na praça do bairro, os velhinhos passeiam felizes pela rua, um grupo de turistas se delicia com a beleza da cidade, as pessoas seguem em paz para o trabalho e o colorido dos carros passando enfeita as avenidas.

Mas espere: há algo errado nesta descrição. Sim: cadê as crianças, por exemplo? Estão  todas trancadas dentro de casa por conta de a pracinha ter sido tomada por algumas pessoas que lá fazem suas necessidades ao ar livre, sob as vistas de todos, chegando até a agredir quem ousa protestar.

E os velhinhos? Outro erro: eles não estão a passear felizes pelas ruas. Na verdade, dedicam-se ao exercício diário de desviar de buracos e crateras. A quem descuidar-se a penalidade é uma queda por vezes brutal – daquelas que significam o início do fim de suas vidas, por conta da fragilidade que trazem ao corpo.

Há também o grupo de turistas. Erro grave, este! Ora, quem virá conhecer as belezas de uma cidade pichada de alto a baixo, alvo permanente da ação impune de vândalos? Quem virá conhecer um lugar cujos bens públicos são depredados à luz do dia, de simples latas de lixo a monumentos? Não, decididamente não há turistas na cena.

Errei também ao escrever que “as pessoas seguem em paz para o trabalho”. Não, elas não seguem em paz – caminham agarrando seus pertences, a passos rápidos, desconfiadas de qualquer tipo que julguem suspeito. Poucas ousam atender um telefonema na rua – afinal, no Brasil das vítimas que são culpadas não se pode “dar bobeira”.

Outra falha: dizer que “os carros estão passando” – na verdade, eles estão sacolejando brutalmente, sendo destruídos no contato diário com algumas das piores vias do planeta. Enquanto sacolejam para cá e para lá vão destruindo junto, aos poucos, a vida e a saúde dos motoristas.

Pois é. Talvez o erro menor, no final das contas, tenha sido dizer que “o sol azul brilha no céu amarelinho”. É interessante: vivemos em um dos locais mais belos do planeta, de clima agradável e isento das tormentas que afetam outros países. Chega a ser intrigante o fato de estarmos transformando nosso cotidiano em algo cinzento, a cada dia mais distante das bênçãos que o Criador aqui derramou.

Pedro Valls Feu Rosa
Pedro Valls Feu Rosa
Desembargador do Tribunal de Justiça do Espírito Santo desde 1994. Programador de computadores, autor de diversos “softwares” dedicados à área jurídica, cedidos gratuitamente a diversos Tribunais do Brasil. Articulista de diversos jornais com artigos publicados também em outros países, como Suíça, Rússia e Angola.

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