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7 de setembro de 2024
sábado, 7 de setembro de 2024
Pedro Valls Feu Rosa
Pedro Valls Feu Rosa
Desembargador do Tribunal de Justiça do Espírito Santo desde 1994. Programador de computadores, autor de diversos “softwares” dedicados à área jurídica, cedidos gratuitamente a diversos Tribunais do Brasil. Articulista de diversos jornais com artigos publicados também em outros países, como Suíça, Rússia e Angola.
A opinião dos colunistas é de inteira responsabilidade de cada um deles e não reflete a posição de ES Hoje

Sem coração

Dia desses li que apenas um terço dos portadores de HIV do planeta tem acesso a tratamento e medicamentos – e que 90% dos tratamentos dispensados aos portadores de HIV na África são custeados por fontes externas, sem a participação dos governos locais.

Decidi estudar o tema. Constatei que a cada 30 segundos morre uma criança vítima de malária lá na África – o problema é que em um continente tão rico não se consegue comprar nem inseticidas para protegê-las. Aliás, apenas 2% delas conseguem um simples mosquiteiro.

A informação seguinte veio da Organização Mundial da Saúde: anunciou-se que 40% de todos os tratamentos de saúde no mundo são proporcionados por organizações religiosas. Diante de um número tão sério seria o caso de se perguntar: cadê o Estado?

Minha descoberta seguinte foi assustadora: nada menos que 10% das doenças que afetam a humanidade e 6,3% de todas as mortes delas decorrentes poderiam ser evitadas se as pessoas dispusessem de saneamento básico – um simples serviço de saneamento básico!

Apurei que os hospitais norte-americanos arrancam de seus pacientes nada menos que US$ 10 bilhões a cada ano em valores indevidos. Em tempo: a expressão “arrancam” deve-se a que 90% das contas lá pagas seriam claramente fraudulentas.

Ainda sobre aquele país assustei-me ao saber que 52 milhões de habitantes não dispõem de assistência oficial à saúde – daí 41% da população estarem pagando prestações de tratamentos médicos ou às voltas com os tribunais por não terem condições de pagá-los. A propósito, 25% dos norte-americanos jogam suas receitas no lixo por não terem dinheiro para adquirir os medicamentos prescritos.

Este quadro insustentável, segundo aprendi, é sustentado por conta de existirem em Washington quatro lobistas da área da saúde para cada membro do Congresso. Aos resultados: uma criança nascida em El Salvador enfrenta taxas de mortalidade de 9,7%, enquanto que em Detroit de 15,5% – algo tão surpreendente quanto repulsivo, consideradas as diferenças entre os dois países.

Anoto, finalmente, que a cada ano 2,3 milhões de semelhantes nossos morrem vítimas de apenas oito doenças por não terem acesso a simples vacinas.

E é assim, diante destes números, que chego a uma conclusão: o problema da saúde está no coração – mais precisamente na falta dele.

Pedro Valls Feu Rosa
Pedro Valls Feu Rosa
Desembargador do Tribunal de Justiça do Espírito Santo desde 1994. Programador de computadores, autor de diversos “softwares” dedicados à área jurídica, cedidos gratuitamente a diversos Tribunais do Brasil. Articulista de diversos jornais com artigos publicados também em outros países, como Suíça, Rússia e Angola.

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Comentários
  1. Está faltando, além da empatia, o ser humano tornar-se um desprovido de vaidades e ambição.
    Ambas estão a frente dectodas as mazelas, guerras e injustiças que ocorrem nesse planeta, em particular, no nosso país!

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