Vivemos em um planeta em chamas, onde o cheiro de pólvora e sangue já não causa espanto. Os noticiários se tornaram crônicas diárias do horror, e as guerras, embora travadas por líderes em salas fechadas, deixam cicatrizes eternas nas costas do povo. Em pleno século XXI, ainda somos reféns da lógica fria do poder: alianças não se fazem por compaixão, mas por lucro. Ajuda internacional, muitas vezes, não passa de barganha por petróleo, minérios, influência política e rotas comerciais. O mundo não é movido por empatia — é um tabuleiro de xadrez onde cada movimento tem um preço, e quem paga são, quase sempre, os inocentes.
Na Ucrânia, a guerra se arrasta há anos. Famílias inteiras foram despedaçadas por bombardeios, hospitais viraram ruínas, e o inverno tem sido mais cruel do que nunca. O país tornou-se campo de batalha entre potências que disputam hegemonia global, e o povo ucraniano é o peão sacrificado nesse jogo sujo. Não muito longe, no Oriente Médio, um massacre silencioso se repete. Em Gaza, civis palestinos agonizam sob bombardeios que destroem bairros inteiros em minutos. Crianças são arrancadas dos escombros com os olhos vidrados, sem entender por que seus pequenos corpos são alvos de tanto ódio.
Mas a dor não tem lado único. Civis israelenses também vivem o terror. Dormem com medo, acordam com sirenes, enterram familiares após ataques surpresa. Famílias judias que ansiavam por paz agora convivem com o trauma e o pânico, vítimas do extremismo e da guerra que seus próprios líderes alimentam. A violência não escolhe cor de pele, religião ou nacionalidade. Ela destrói tudo.
E no meio desse caos, potências mundiais enviam armas em nome da “estabilidade”, enquanto negociam contratos milionários para explorar o que restou da terra arrasada. Países famintos por ajuda recebem “socorro” em troca de suas reservas naturais, vendem sua dignidade para sobreviver, e veem seus povos morrerem lentamente entre promessas vazias e tratados perversos.
os conflitos esquecidos na África Central, a guerra do tráfico na América Central — todos têm algo em comum: vidas civis são trituradas enquanto homens engravatados apertam mãos e brindam em salões de mármore.
O mundo é um jogo de interesses, e nele, as lágrimas não valem nada. A criança ferida, o idoso soterrado, a mãe que segura o corpo sem vida do filho — todos são silenciados por quem lucra com a guerra. E nós, espectadores, assistimos em silêncio, anestesiados. Porque talvez a verdade mais cruel seja essa: já nos acostumamos a ver a dor alheia como parte do cenário.
Mas a dor é real. O sangue é de verdade. E cada vida ceifada por esse jogo maldito pesa sobre todos nós.










