Wrexham x Vitória connection: other side of the ocean and the same panel
Cysylltiad Wrecsam x Vitória: ochr arall y cefnfor, yr un panel
Quem frequenta a cantina do Centro de Artes da UFES deve observar uma pintura mural que cobre partes da parede interna do prédio. O trabalho foi resultado de uma parceria com a universidade de Wrexham, conduzida pela professora Heliana Soneghete Pacheco, que coordena um projeto de pesquisa ligada ao Design Social, estando previsto deslocamento de um grupo de professores e alunos da Ufes para também fazerem uma intervenção em Wrexham, no Centro de Artes e Design da universidade galesa.
Podemos dizer que o design social abraça a responsabilidade social de uma área de conhecimento muito articulada com os consumidores mais favorecidos social e economicamente, entretanto essa linha do design busca atender as necessidades específicas de consumidores menos favorecidos economicamente, socialmente ou culturalmente.
Segundo o site Design com Café (https://designcomcafe.com.br/design-social/ ), o Design Social precisa projetar cenários para antecipar os acontecimentos, para minimizar os riscos de situações indesejadas, e minimizar os impactos sociais e ambientais, unindo pensamento e prática para viabilizar um estilo de vida mais sustentável e inclusivo, promovendo a melhoria no cotidiano das pessoas, mas sem prejudicar a natureza e promovendo as interações sociais.
O que une as duas universidades separadas por um oceano?
No início de 2024, a professora Heliana me procurou para ampliar a parceria dela e do projeto de extensão que receberia o braço britânico da parceria dela com Wrexham. Conversamos e verificamos que havia interesses em comum entre o Programa de Pós-graduação em Artes (PPGA) e meu grupo de pesquisa (LEENA): esse interesse passava pelo fortalecimento regional (objetivo estratégico do PPGA e do LEENA). Mas como pensar em desenvolvimento regional separados por um oceano?
Exatamente ai está o ponto. Quando falamos em desenvolvimento regional não nos limitamos a recorte geográficos. Falamos de tudo que está na borda dos centros hegemônicos de poder: seja ele econômico, cultual, social, político, etc. Desenvolver redes de pesquisa entre espaços e territórios excluídos ou subjugados por práticas colonialistas é de fato o norte que nos guia. Nesse sentido, conhecendo um pouco da história do País de Gales entendemos um pouco melhor: uma nação com língua e cultura próprias, subjugada ao Império Britânico. Entendi melhor os conflitos do então Príncipe Charles com a Família Real Britânica que ficou chocada com seu discurso de posse do cargo em Welsh (língua do Pais de Gales).
Assim como nós Gales ainda vive um processo colonialista e empenha-se em manter a sua língua e sua cultura. Não para se separar da Inglaterra, pois estão por demais conectados a séculos; mas por ter sua identidade nacional compreendida e respeitada. Gales, de certo modo, vive à margem do Reino Unido; tem sua cultura silenciada frente as forças do imperialismo que ainda organiza os territórios que habitamos.
Trazer Gales e levar capixabas a Gales é um ato de resistência. De fortalecimento de culturas subjugadas que vem na sua união, formas de superação e fortalecimento. formas de superação que constroem fortes pontes invisíveis entre as duas costas litorâneas. Essa força de superação foi o mote que direcionou o trabalho na versão brasileira e capixaba do painel, resultado da visita de professoras e alunos do Wreham na UFES.
Onde o Desing Social de UFES e de Wrexham se encontram?
No painel da Cantina do Centro de Artes? Talvez sim. Mas não totalmente.
Creio que mais no conceito de superação que atravessa o Design Social. Pois, é disto que me parece falar mais o painel executado.
Os painéis apresentados contêm desenhos que retratam histórias de superação de moradores das periferias de Vitória; pessoa cujas histórias, de certo modo, atravessam as histórias de vida de cada participante capixaba; as formas e as pessoas foram desenhadas por estudantes das duas instituições de ensino, em um projeto chamado TAITH no Brazil: Superação.
Os trabalhos foram feitos em duas paredes ao lado da cantina do prédio Cemuni IV. Foram produzidos dois murais. No primeiro, mostrando as histórias de superação de limites de seis pessoas do estado, que terão suas trajetórias pessoais ressignificadas por meio da arte e do design. Já no segundo, será possível visualizar a alegria dos visitantes britânicos por estarem em Vitória e a conexão com o país de origem. Entre as linguagens envolvidas, estão galês, inglês, e português em tupinikim.
Essa junção de línguas e culturas é a proposta dessa parceria que inicia-se com a Universidade de Wrexham, de onde pretendo falar na minha coluna da semana que vem.