A chegada do final de ano é sempre tempo de reflexões e planos para um novo ciclo que se iniciará em breve. Reflexões sobre os acontecimentos vividos não apenas naquele que se encerra, mas em todos os outros últimos anos de caminhada. Ao mesmo tempo, muitos de nós planejam uma série de ações que pretendem iniciar a partir do próximo ano.
No plano pessoal, é recorrente a vontade de parar de fumar, fazer atividades físicas regulares e passar mais tempo com a família e amigos. Aprender um novo idioma, ingressar em um curso de aperfeiçoamento profissional, e por que não, encontrar alguém que se torne seu grande amor, e, se for da vontade de ambos, caminharem juntos até que a morte os separe.
Essas reflexões e planos nos chegam impensadamente, quando menos estamos esperando, entre uma pausa e outra de nossas ocupações, elas tomam nosso inconsciente como um lampejo, um flashback, nos inquietando e relembrando nossa condição de seres humanos racionais e, portanto, responsáveis por nossos pensamentos, atitudes, hábitos, moral e destino.
Apesar do diferencial competitivo da espécie humana perante outras espécies, racionalidade e espiritualidade, a maioria desses insights serão esquecidos ou substituídos por outras prioridades e decisões, frutos de circunstancias e percepções recém assimiladas. Se perdendo, mais uma vez, a possibilidade de continuarmos evoluindo moral e espiritualmente em decorrência do aprendizado constante com nossos erros e acertos.
Além da dimensão do indivíduo, onde nossos pensamentos e atitudes certamente forjarão nossos destinos, no âmbito social e político, as pessoas não reagem com a mesma assertividade. O despertar da consciência para a fraternidade ampla e a benemerência irrestrita para com os desassistidos socialmente, podem não acontecer durante toda a sua existência. No plano político, a realidade é ainda mais inusitada. Os pensamentos e comportamentos, nesse campo, são irretocáveis. Como a Síndrome de Gabriela: “…eu nasci assim eu cresci assim e sou mesmo assim, vou ser sempre assim…”
Continuarei aprendendo com meus erros, analisando e avaliando meus pensamentos e atitudes ao longo desta minha caminhada, desejando, sinceramente, para todos aqueles que creem na predestinação, que aproveitem os últimos momentos deste final de ano para refletirem sobre o que passamos nos últimos tempos, os riscos e ameaças a retrocessos civilizatórios, as agressões impostas ao meio ambiente e a ampliação dos conflitos entre as pessoas e povos. O que estou fazendo hoje para tornar nosso mundo melhor? Não espere por governantes, (falsos) líderes religiosos ou intervenções divinas para solucionar problema que fazemos parte de sua criação!
Que assim seja.