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Redação do Enem: atenção aos critérios intra e extralinguísticos

Com a proximidade do ENEM, é fundamental que os candidatos conheçam e se apropriem das técnicas de produção do texto argumentativo-dissertativo, conhecido popularmente como REDAÇÃO.

Em regra, o texto argumentativo-dissertativo é um dos mais difíceis para a comunidade estudantil, devido à complexidade no seu processo de elaboração e de produção. Procede de reflexões em que a opinião do locutor (falante) deve ser explicitada com o objetivo de ser acatada pelo interlocutor (ouvinte). Em outras palavras, o locutor ao se posicionar acerca de determinado assunto, faz-se, de certa forma, juízo de valor com a pretensão de atingir o “outro” – razão pela qual se justifica o uso de uma linguagem bem elaborada.

Pode-se afirmar que, no texto argumentativo-dissertativo, a subjetividade é mais explícita que nas demais formas discursivas, embora a marca do “eu” apareça implicitamente. Quer dizer, a subjetividade se evidencia quando o locutor emite sua opinião, e, ao se posicionar, busca aliar-se ao interlocutor para fazer seu discurso, além de envolver seu ouvinte, a fim de convencê-lo e persuadi-lo.

Koch (1996) assevera que “a linguagem é uma forma de ação”. Logo, está contida nos campos da persuasão e do convencimento. De acordo com Suárez (1999), “convencer significa construir algo no plano das ideias, enquanto persuadir significa construir algo no plano da ação”. A presença desses dois elementos provoca mudanças significativas no comportamento do interlocutor em relação ao locutor.

Vale destacar que o processo de convencimento e de persuasão requer do emissor raciocínio lógico, discurso bem articulado e linguagem adequada. É justamente nessa fase de construção textual que residem as maiores dificuldades dos alunos. Para facilitar a compreensão, é comum os professores nomearem a estrutura argumentativa-dissertativa em: introdução, desenvolvimento e conclusão, todavia, essa nomeação se refere tão somente à estrutura das partes e, indubitavelmente, a estruturação do raciocínio deve vir a priori.

Ressalta-se que o bom texto é aquele que apresenta recursos de eficiência textual – adequação ao tema, ao tipo de composição e ao nível de linguagem –, indispensáveis à coerência do texto. Ao argumentar-dissertar, devem-se considerar alguns aspectos importantes, tais como: o assunto a ser abordado, o raciocínio mais adequado à argumentação-dissertação e o entrelaçamento desse raciocínio para se chegar à conclusão. Para tanto, é primordial uma seleção lexical apropriada, tendo em vista que não há texto neutro. A pretensão de existir neutralidade em alguns discursos é uma forma de representação e esse disfarce se efetiva por meio do léxico.

Nota-se quão necessário é o usuário da língua perceber o valor da argumentação e da persuasão presentes no discurso e no texto do outro. Assim, é possível adquirir habilidades argumentativa e persuasiva próprias em suas produções escritas e orais, compreendendo, sobretudo, que o alcance desse domínio linguístico decorre da prática simultânea de leitura, escrita e reescritura.

 Andreia Coutinho
Advogada, revisora de texto e professora de Língua Portuguesa e Redação.
Pós-graduada/Especialista em Estudos Linguísticos, Mestra em Letras e Doutoranda em Linguística/UFJF.

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