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#AplaudaUmProfessor: profissionais resistem aos desafios do ensino remoto

Organizações da sociedade civil realizaram, na última semana, uma mobilização nacional com o intuito de reconhecer o trabalho dos professores durante o período de pandemia. A campanha #AplaudaUmProfessor reuniu homenagens virtuais, bem como um ato em menção aos profissionais da educação.

O reconhecimento surge em um contexto em que os professores precisam lidar com desafios diários para a promoção do ensino, desde a dificuldade com a utilização de recursos tecnológicos até a pressão psicológica causada pela adaptação ao novo cenário.

Com o início do distanciamento social, professores precisaram lidar com um novo método de transmissão de conhecimento. O ensino remoto, que surgiu como uma alternativa de aprendizagem durante a pandemia, trouxe consigo uma série de desafios para os profissionais da educação. Uma dessas dificuldades é a adaptação às ferramentas tecnológicas. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Península, com mais de 7 mil professores de todo o país, indicou que, na sexta semana de isolamento, 83% (em média) dos professores brasileiros se sentiam nada ou pouco preparados para o ensino a distancia.

Os dados se referem ao início do isolamento social, mas o cenário atual ainda encontra resquícios dessa dificuldade. Juliano Pavesi, presidente do Sindicato dos Professores no Estado Espírito Santo (Sinpro), conta que muitos professores não conheciam as ferramentas que seriam utilizadas, tendo que aprender a lidar com uma nova dinâmica de ensino, que também requer um conhecimento das plataformas digitais. “Não é só preparar a aula. Tem que postar nas mídias, responder chat do aluno, lançar a prova online”, relata.

Além da dificuldade de adaptação, muitos professores tiveram que lidar com a ausência de materiais para administração das aulas. Juliano conta que alguns professores não possuíam computadores adequados, nem uma rede de internet que possibilitasse o ensino de qualidade. “Soube de casos de professores que utilizaram banda larga emprestada para ministrar as aulas”, destacou Pavesi.

O problema é agravado pela carga de trabalho excessiva. Por causa da dificuldade com a utilização das ferramentas digitais, muitos professores acabam tendo que trabalhar além do horário previsto. Carlos Duarte, diretor de políticas sindicais do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Espírito Santo (Sindiupes), explicou que os profissionais acabam recorrendo ao contraturno para conseguir planejar e disponibilizar as aulas nos meios digitais.

Todas essas dificuldades acabam acarretando em problemas psicológicos para os profissionais. Juliano Pavesi explica que, no estágio atual da pandemia, muitos professores alcançaram o nível da exaustão, chegando a questionar a própria capacidade intelectual. “Muitos sentem que não têm mais a mesma competência que tinham antes, pois não conseguem se adaptar totalmente”, destaca. Duarte ressalta que, mesmo com todas as dificuldades, os educadores tentam dar o máximo de si. “A maioria gostaria de se dedicar ainda mais do que se dedica”, ressalta.

#AplaudaUmProfessor: profissionais resistem aos desafios do ensino remoto

Perspectiva dos alunos

Além dos professores, os alunos também são afetados pelas novas dinâmicas de aprendizagem. Carolina Brasil é mãe de duas crianças em idade escolar e conta que os filhos sentem falta do contato presencial. “O mais velho, que está no 2º ano do Fundamental, exige mais atenção para manter a rotina de aula on-line. A parceria com a instituição onde ele estuda ajuda muito”, afirma.

A mãe percebe o esforço dos profissionais que, além de se adaptarem aos recursos tecnológicos, reservam parte da aula para saber como os alunos estão. “É uma preocupação que vai além do conteúdo programado, já que a situação mexe muito com o emocional de todos, em especial das crianças”, ressalta.

Diana, mãe da Vitória, de sete anos, conta que, desde o início da pandemia, tentou explicar para a filha a necessidade de ficar longe da escola durante certo período. A mãe relata que, mesmo entendendo a situação, a filha também é afetada pela mudança na rotina. “Ela não reclama, mas percebo que sente falta dos colegas e das professoras”, destaca.

A separação dos alunos tem provocado uma série de desafios, mas o momento também está sendo marcado pela resistência de profissionais que lutam por uma educação de qualidade. “Se hoje a educação privada não parou foi pelos professores, que não se deixaram esmorecer e mantiveram a estrutura de pé”, concluiu Pavesi.  

Texto de Sara de Oliveira
[email protected]

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