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19 de novembro de 2025
quarta-feira, 19 de novembro de 2025
João Batista Dallapiccola Sampaio
João Batista Dallapiccola Sampaio
Advogado de balcão há 39 anos, especialista em direitos sociais, graduado pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), pai orgulhoso e avô realizado
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Ordem dos Advogados do Brasil: 95 anos de história

A evolução da advocacia nacional

A criação da Ordem dos Advogados do Brasil em 18 de novembro de 1930, por meio do Decreto nº 19.408, representa um marco fundamental na história jurídica brasileira, substituindo o Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), fundado em 7 de agosto de 1843, e elevando a advocacia a um novo patamar de organização e representatividade. Enquanto o IAB manteve-se como entidade dedicada aos estudos, ao ensino e à pesquisa jurídica, a OAB surgiu como corporação profissional com atribuições fiscalizadoras e disciplinares, completando hoje 95 anos de atuação ininterrupta em defesa da classe advocatícia e do Estado Democrático de Direito, sempre se fortalecendo frente a legislação que sucedeu sua criação e a sociedade brasileira.

Em 11 de agosto de 1827, Dom Pedro I, através de lei imperial, concedeu aos bacharéis em Direito o título de “Doutor”, reconhecendo não apenas a formação acadêmica, mas a elevada importância social e política da profissão de advogado, primeira profissão civil regulamentada no Brasil. Este ato, que acompanhou a criação dos primeiros cursos jurídicos no Brasil em São Paulo e Olinda, refletia a compreensão de que a advocacia era essencial para a construção de um Estado de Direito, cabendo a esses profissionais a nobre missão de defender a justiça, orientar os cidadãos e zelar pela aplicação das leis. Contudo, foi apenas com a criação do Instituto dos Advogados Brasileiros por Dom Pedro II em 1843 que se iniciou um movimento de organização da categoria, ainda que voltado principalmente para o estudo e aprimoramento das ciências jurídicas. O IAB cumpriu e cumpre seu papel fundamental na construção do pensamento jurídico nacional, mas carecia de atribuições para regulamentar e disciplinar o exercício profissional.

A transição do IAB para a OAB em 1930 representou significativa evolução na estruturação da advocacia brasileira. O Decreto nº 19.408/1930 conferiu à nova entidade personalidade jurídica e atribuições específicas para organizar e disciplinar a profissão, incluindo a manutenção da ordem jurídica e a defesa da Constituição. Esta mudança refletia a crescente complexidade da sociedade brasileira e a necessidade de um órgão com maior capacidade de atuação e representação.

Ao longo de seus 95 anos de existência, a OAB consolidou-se como instituição essencial à administração da justiça, conforme estabelece o artigo 133 da Constituição Federal de 1988, que reconhece a advocacia como função indispensável à jurisdição. A Lei nº 8.906/1994 (Estatuto da Advocacia e da OAB) veio regulamentar definitivamente o exercício profissional, conferindo à Ordem amplas competências para fiscalizar o cumprimento dos deveres profissionais, defender a prerrogativas dos advogados e zelar pela ética e disciplina da classe.

A relevância milenar da advocacia é atestada por suas diversas datas comemorativas e por suas raízes históricas. No dia 19 de maio celebra-se o Dia do Padroeiro do Advogado “Santo Ivo”; Em 20 de junho comemora-se o Dia do Advogado Trabalhista, homenageando aqueles que se dedicam às relações de trabalho, enquanto 08 de dezembro marca o Dia da Justiça. A profissão do advogado é uma das mais antigas do mundo, com registros que remontam às primeiras civilizações. Na Bíblia Sagrada, no Livro de Jó (16:19), há uma notável referência à figura do intercessor, do defensor: “Eis que mesmo agora, a minha testemunha está no céu, e o meu advogado nas alturas”; Moyses reconhecido que é como advogado dos Hebreus no Êxodo; e Jesus Cristo em diversas passagens como em 1 João 2:1 afirma que “Jesus é o nosso advogado junto ao Pai”, ou, João 8:7, onde Jesus desafia os fariseus a não condenarem uma mulher adúltera, dizendo: “Quem dentre vós não tiver pecado, seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra”. Além de outras muitas passagens de  menção histórica demonstra como a função de advogado sempre foi reconhecida como fundamental para a organização social e para a busca da justiça, consolidando-se através dos séculos como profissão indispensável à convivência humana.

Assim, a trajetória da advocacia no Brasil, desde a outorga do título de doutor por Dom Pedro I em 1827 até a consolidação da OAB em 1930, reflete não apenas uma evolução institucional, mas a afirmação de um ideal de justiça e ética profissional. O IAB, como precursor, plantou as sementes do pensamento jurídico organizado, enquanto a OAB floresceu como guardiã ativa da categoria e da própria democracia. Ao completar 95 anos, a Ordem dos Advogados do Brasil personifica o legado de uma das profissões mais antigas e nobres da humanidade, mencionada até mesmo nas Escrituras Sagradas, reafirmando que, para além de títulos e formalidades, a verdadeira grandeza da advocacia reside em sua missão indelegável de defender a liberdade, a ética e a justiça em nossa sociedade. Que nossa OAB  siga, por muitos séculos, como farol da cidadania e baluarte do Estado Democrático de Direito.

Este artigo foi escrito em parceria com o advogado Antônio Augusto Genelhu Júnior, ex-presidente a OAB-ES
João Batista Dallapiccola Sampaio
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Advogado de balcão há 39 anos, especialista em direitos sociais, graduado pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), pai orgulhoso e avô realizado

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