Neste domingo, 16 de novembro, o Dia Nacional da Atenção à Dislexia chama atenção para um ponto que muitas famílias desconhecem: nem toda dificuldade de leitura é, de fato, dislexia. Alterações de visão — como miopia, astigmatismo, hipermetropia e estrabismo — podem gerar sinais muito semelhantes e acabar confundindo pais, professores e até profissionais de saúde.
Segundo especialistas, é comum que crianças, adolescentes e até adultos procurem atendimento oftalmológico acreditando que apresentam um transtorno de aprendizagem quando, na verdade, convivem com problemas de visão que interferem diretamente na leitura.
O oftalmologista Pedro Trés Vieira Gomes explica que o exame de vista é um dos primeiros passos para esclarecer a origem das dificuldades.
“A dislexia não nasce de alterações oculares, mas várias condições da visão podem impactar a leitura. Identificá-las e tratá-las evita confusões diagnósticas e melhora o desempenho de quem já tem ou suspeita ter o transtorno”, afirma.
Embora o exame ocular seja etapa essencial, o diagnóstico de dislexia é realizado por meio de avaliação neuropsicológica. O oftalmologista integra uma rede de profissionais que inclui fonoaudiólogos, psicopedagogos e neurologistas, cada um com papel específico no processo.
“A leitura depende da integração entre visão e cérebro. Por isso, trabalhamos em conjunto para garantir que o diagnóstico seja completo e preciso”, destaca Gomes. Ele reforça que, diante de qualquer dificuldade de leitura — em crianças, jovens ou adultos —, a recomendação é iniciar a investigação pela avaliação visual.
Quando a visão interfere na leitura
Alterações oftalmológicas que podem reproduzir sintomas semelhantes aos da dislexia incluem:
- Erros de refração (miopia, hipermetropia, astigmatismo), que afetam a nitidez das letras.
- Estrabismo e dificuldades de motilidade ocular, que comprometem o acompanhamento das linhas do texto.
- Ambliopia (“olho preguiçoso”), que reduz a capacidade de leitura e compreensão.
- Fadiga ocular e desconforto visual, comuns em quem passa muitas horas estudando ou diante de telas.
Para o especialista, descartar esses fatores é essencial antes de atribuir dificuldades à dislexia. “Uma avaliação criteriosa evita que o paciente receba um diagnóstico equivocado ou passe mais tempo do que deveria enfrentando sintomas que têm solução oftalmológica”, completa Gomes.
Sinais de alerta
Profissionais listam sinais que merecem atenção e avaliação com oftalmologista:
- Troca frequente de letras ou perda da linha durante a leitura
- Aproximação excessiva do rosto de livros ou telas
- Dores de cabeça após tarefas escolares ou de trabalho
- Olhos cansados ou irritados
- Queixa de visão embaçada, especialmente ao ler
- Dificuldade para acompanhar textos longos











