Quem caminha pelo Centro de Vitória encontra-se dividido entre a beleza das obras históricas e a frustração com o descaso na infraestrutura. Moradores denunciam o abandono da própria Praça Costa Pereira, um dos cartões postais da capital.
As reclamações tratam de problemas estruturais básicos: buracos sem árvores, pedras portuguesas soltas, pisos quebrados e desníveis, que dificultam a passagem de idosos, crianças e pessoas com mobilidade reduzida.
E tem mais: caramujos se espalham pela praça e a situação dos monumentos gera estranheza. O pedestal de um busto está vazio após a retirada da peça para restauro, mas não há qualquer placa de identificação sobre a manutenção. Além disso, uma das árvores do local está completamente seca.
A Praça Costa Pereira está perto de completar 100 anos de urbanização. “Não é o primeiro pedido e a praça continua esquecida. Queremos manutenção, iluminação adequada, restauro de todas as esculturas e uma vistoria técnica nas árvores históricas que contam a história da cidade”, relatou um morador.
“A Costa Pereira precisa ser cuidada. Isto é cuidar da nossa história, da nossa segurança e da alma do Centro. E não adianta colocar vasinhos de flores exóticas para maquiar um problema muito maior.”

Outro monumento é o ‘Pessoas Imprescindíveis’, uma homenagem aos mortos e desaparecidos políticos da ditadura, que sem atenção do poder público é usado inadequadamente como banco por comerciantes de rua.
O professor e doutor José Cirilo, coordenador do Laboratório de Extensão e Pesquisa em Artes da Universidade Federal do Espírito Santo (Leena/Ufes) avalia a complexidade da manutenção em uma cidade litorânea como Vitória. Ele destaca a importância da sinalização nos monumentos retirados.
“Há um movimento, do escultor Nilson Camisão, que está fazendo a restauração de cinco ou seis monumentos pela cidade. Mas o que falta é uma identificação, como ter uma placa de obras”, explica Cirilo.
Sobre o monumento ‘Pessoas Imprescindíveis’ o professor também responsabiliza o público. “Ela tem uma altura que lembra banco e que é usado nesse comércio de rua. Isso causa um pouco de falta de preocupação por parte dos próprios usuários.”
O que diz a prefeitura?
As secretarias municipais de Cultura (Semc) e de Desenvolvimento da Cidade e Habitação (Sedec), responsáveis pela manutenção do bem público, afirmam que nova ação promete mais cuidado e informações. “A Semc deu início ao projeto de revitalização e educação patrimonial ‘RenovAção’. A meta é restaurar e valorizar 62 monumentos públicos catalogados até 2026, com investimento total estimado em R$ 2,5 milhões”.
A Cultura de Vitória disse ainda que há restauros em andamento, incluindo cinco bustos históricos na Praça Costa Pereira e o monumento a Getúlio Vargas, também no centro da capital.

A Sedec destacou que tem realizado ações programadas de manutenção e adequação de calçadas, citando vias próximas ao centro (como Dom Fernando e 23 de Maio) que receberam intervenções recentes.
A Secretaria reforçou que a construção, conservação e manutenção das calçadas são de responsabilidade dos proprietários dos imóveis (Art. 163 da Lei Municipal nº 4.821/1998), cabendo à Prefeitura a fiscalização e a intimação para que os proprietários se adequem ao Padrão Calçada Cidadã. Novas ações na região serão programadas.
Entre os marcos já contemplados, de Goiabeiras, estão cinco bustos históricos na Praça Costa Pereira.
“Cumpre destacar que, de acordo com o art. 163 da Lei Municipal nº 4.821/1998 (Código de Edificações de Vitória), a construção, conservação e manutenção das calçadas são de responsabilidade dos proprietários dos imóveis. Cabe ao Município, por meio de suas equipes de fiscalização, realizar as vistorias, expedir as intimações para regularização e aplicar as penalidades cabíveis, caso não sejam adotadas as medidas necessárias. Entre as vias que já receberam ações recentes, destacam-se Rua Dom Fernando, Rua 23 de Maio, Rua Duque de Caxias, Rua Princesa Isabel, Rua Barão de Monjardim, Rua Dionísio Rosendo. Novas ações serão programadas para região”, diz a nota da prefeitura.
















Quantas gerações, incluindo cidadãos ainda vivos/idosos, viveram no Centro de Vitória e frequentaram essa linda praça…que tristeza.