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Câncer de próstata: quase 2 mil casos em estágios avançados

Dos 44.660 casos de câncer de próstata diagnosticados pelo SUS (Sistema Único de Saúde) no Brasil em 2023, 54% estavam nos estágios 3 e 4. Isso significa que a doença já avançou, atingindo as vesículas seminais ou se espalhando para outras partes do corpo. No Espírito Santo foram 1.178 novos casos.

Os números fazem parte do levantamento Câncer de Próstata no Brasil, realizado pelo Instituto Lado a Lado Pela Vida. A pesquisa fez o cruzamento dos dados mais recentes do Inca (Instituto Nacional de Câncer) e do Ministério da Saúde, de 2022 a 2024.
“O principal motivo da demora é a ausência de sintomas nas fases iniciais da doença. O câncer de próstata costuma evoluir de forma silenciosa, e muitos homens acreditam que sentir-se bem significa estar saudável”, afirma a urologista Karin Anzolch.

A estimativa do Instituto Nacional de Câncer (INCA) para cada ano do triênio 2023-2025 é de 1.740 novos casos de câncer de próstata no Espírito Santo. Em relação aos óbitos, foram registrados, em 2024 (até início de outubro), 227 óbitos e 364 em 2023 (ano todo). Os dados, ainda preliminares, são do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM).

“Quando surgem sintomas, como dificuldade para urinar, sangue na urina ou sêmen, dor óssea, perda de peso, a doença já costuma estar em estágio avançado”, diz.

Segundo o levantamento do instituto, 62% dos homens só procuram ajuda médica quando a dor é insuportável. Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que a expectativa de vida dos homens no Brasil é, em média, cerca de sete anos menor do que a das mulheres. Há uma combinação de fatores, desde a exposição a comportamentos de risco até a menor frequência de consulta a profissionais de saúde.

Rodolfo Borges, vice-presidente da SBU e professor de urologia da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) de Ribeirão Preto, afirma que pacientes do sistema público têm maior risco de receber o diagnóstico com a doença já disseminada. “Muitos não têm acesso adequado à informação sobre prevenção e saúde, o que os leva a buscar atendimento apenas quando surgem sintomas urinários”, explica.

Segundo Anzolch, o acesso à educação, à informação, bem como equipes de saúde treinadas para o diagnóstico é “crítico” em diversas regiões do Brasil. “Isso se acentua quando se necessita de atendimentos mais especializados, incluindo os urológicos, e a exames como PSA, ressonância e biópsias. O resultado é o que vemos nos dados nacionais, com mais da metade dos casos diagnosticados em estágios avançados”, afirma.

Na perspectiva de Marlene Oliveira, idealizadora do Novembro Azul e presidente do Instituto Lado a Lado pela Vida, determinantes sociais e “vazios assistenciais” dificultam o acesso ao tratamento no país. “Não podemos esquecer que vivemos em um país continental, com desafios gigantes. Muitos homens precisam se deslocar até 800 km para realizar seus tratamentos. As unidades básicas de saúde muitas vezes funcionam em horários que não atendem a essa realidade, dificultando o acesso”, afirma.

Outro ponto destacado pelos especialistas são as barreiras culturais e os tabus que afastam os homens dos cuidados médicos. “O preconceito em torno do toque retal e o estigma de vulnerabilidade masculina são barreiras históricas. É um comportamento reforçado por uma cultura que associa preocupação com a saúde e autocuidado à fraqueza”, explica Anzolch.

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