Os arranjos para 2026 seguem no foco na política capixaba. Se em alguns lados há diversos ajustes a serem feitos, em outros houve até inesperado reforço.
Acompanhe os principais destaques das análises e fatos da semana.
Dúvidas I
Incertezas nos cenários nacional e estaduais, inclusive no Espírito Santo, cercam a federação União Progressista, formada pelos partidos União Brasil e Progressistas. Nos bastidores de Brasília, comenta-se que uma reunião entre os principais dirigentes das duas legendas pode definir o futuro do acordo que transformou a federação no maior agrupamento político do País — ou, eventualmente, colocá-lo em risco. No vaivém das conversas, há até quem cite uma possível interferência do presidente Lula (PT).
Dúvidas II
O ponto central é: se o acordo ruir, como ficará o panorama político capixaba? O presidente da federação no Estado, deputado federal Da Vitória (Progressistas), e o líder do União Brasil, presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Santos, mantêm uma boa relação há bastante tempo.
Dúvidas III
Apesar disso, ambos ainda tergiversam sobre os apoios nas eleições estaduais. Enquanto Marcelo demonstra abertamente seu alinhamento ao movimento do vice-governador Ricardo Ferraço (MDB) ao Palácio Anchieta, Da Vitória adota uma postura mais cautelosa, aguardando melhores condições para seu grupo.
Dúvidas IV
Caso a federação se desfaça, Marcelo Santos ficará livre para colocar o bloco na rua e oficializar de vez o apoio do União Brasil à chapa de Ricardo Ferraço, que é abençoada pelo governador Renato Casagrande (PSB). Contudo, essa escolha pode ter um custo: a composição da chapa para a Câmara dos Deputados.
Dúvidas V
Há indicações de que o Progressistas esteja mais adiantado na formatação de seu projeto de candidaturas do que o União Brasil, o que poderia representar um obstáculo para Marcelo, caso ele mantenha planos de disputar uma vaga de deputado federal. Não se descarta, inclusive, a hipótese de que ele ambicione compor como vice em uma chapa ao governo estadual.
Dúvidas VI
O cenário ideal, especialmente sob a ótica do poder e da influência política, seria a manutenção da federação, o que fortaleceria as negociações em torno das candidaturas majoritárias. Entretanto, considerando o quadro atual, uma eventual ruptura parece tender a prejudicar mais Marcelo Santos do que Da Vitória. Cenas dos próximos capítulos, e de muita articulação política, ainda estão por vir.
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Reforço I
O senador Fabiano Contarato (PT) ganhou, nesta semana, um importante reforço para sua campanha de reeleição ao Senado: foi escolhido para presidir a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Crime Organizado. O tema da segurança pública tem peso central na percepção e no imaginário da população. É, porém, um campo em que a esquerda, no senso comum do eleitorado, costuma enfrentar dificuldades para se igualar à direita, sobretudo no discurso sobre rigor e combate ao crime.
Reforço II
A mais recente operação policial no Rio de Janeiro, considerada a mais letal da história do Brasil, ilustra bem essa diferença de percepção. Mesmo com o elevado número de mortes, pesquisas apontaram que a ação teve aprovação significativa da opinião pública (ainda que longe da unanimidade). Surge, então, a questão: como a esquerda pode equilibrar a defesa dos direitos humanos com o clamor por punição mais severa?
Reforço III
Esse é o desafio de Contarato. Delegado da Polícia Civil, hoje aposentado, o senador carrega uma postura naturalmente mais rigorosa, o que o diferencia de boa parte de seus colegas de partido. Após se filiar ao PT, Contarato foi rotulado de “traidor” por setores mais à direita, embora tenha sido eleito em 2018 pela Rede Sustentabilidade, legenda de perfil centro-esquerda.
Reforço IV
O cenário eleitoral de 2026 já tem como favorito a uma das duas cadeiras do Senado pelo Espírito Santo o governador Renato Casagrande (PSB), segundo pesquisas recentes divulgadas pelo ES Hoje. A segunda vaga, contudo, está em disputa, e Contarato é um dos nomes na corrida. A presidência da CPI pode se tornar uma vitrine importante para o petista, dependendo de como conduzirá os trabalhos e dos resultados obtidos. A comissão oferece a ele a chance de dialogar com o eleitorado de centro e até de centro-direita, um espaço político ainda pouco explorado pela esquerda.
Reforço V
Há, evidentemente, riscos. O principal é evitar que a CPI “termine em pizza”, transmitindo a sensação de impunidade. Como delegado, Contarato conhecia bem o problema da falta de resolutividade em crimes contra o patrimônio, justamente os que mais afetam o cidadão comum. Assim, o senador caminha sobre uma linha tênue. Tem diante de si a oportunidade de ganhar projeção nacional e fortalecer sua campanha, mas também o risco de enfrentar críticas duras e perda de credibilidade, caso o trabalho da CPI não traga resultados concretos.
Reforço VI
Como dizia o ex-secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame: “Todo dia é segunda-feira”, especialmente quando o assunto é segurança pública.
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E ainda teve…I
Coluna Bastidores, na edição digital semanal de ES Hoje, destaca a esperança do PSB no governador Casagrande em conquistar triunfo acachapante no Senado e ainda ajudar a eleger mais deputados federais.
E ainda teve… II
O ex-deputado federal Carlos Manato (PL) está cada vez mais próximo de se filiar ao Republicanos e firmar aliança com o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos). Soraya Manato deve acompanhar o marido.
E ainda teve… III
Semana de movimentação de políticos capixabas que vão debater assuntos sobre meio ambiente na COP30, que acontece em Belém, no Pará.
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Foto da semana
O presidente do Republicanos estadual, Erick Musso, recebeu, na última segunda (3), o presidente da Câmara de Vitória, Anderson Goggi. Goggi, como publicado anteriormente, está inclinado a se filiar ao Republicanos e disputar vaga na Assembleia Legislativa no ano que vem.
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